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Mensagem deixada por prefeita em unidades hospitalares de Bayeux causa revolta entre médicos

Cartazes fixados na porta das unidades de saúde disponibilizam contato da prefeita para denúncias, em caso de mal atendimento.

Por Cristiano Sacramento Publicado em
Luciene Gomes (foto) fixou os cartazes na entrada da unidades de Saúde
Luciene Gomes (foto) fixou os cartazes na entrada da unidades de Saúde (Foto: Reprodução / Instagram)

A prefeita de Bayeux, na Grande João Pessoa, causou revolta da classe médica após fixar uma mensagem na porta das unidades de saúde da cidade. Os cartazes instalados a mando e pela própria Luciene Gomes (PDT) nesta sexta-feira (1º), apresentam a seguinte mensagem:

“VOCÊ QUE É FUNCIONÁRIO DO HOSPITAL PAGO COM RECURSOS PÚBLICO, TRATE DE BEM AS PESSOAS, SE NÃO FOR PARA ATENDER BEM O PACIENTE, NÃO VENHA TRABALHAR OU PEÇA EXONERAÇÃO, NINGUÉM PROCURA HOSPITAL PARA PASSEAR, COM CERTEZA TEM ALGUMA NECESSIDADE. LUCIENE GOMES PREFEITA DE BAYEUX. OBS: ME LIGUE OU MANDE MENSAGEM EM CASO DE QUALQUER RECLAMAÇÃO, VOCÊ QUE É USUÁRIO, TOMAREI AS PROVIDÊNCIAS NA HORA. ALÔ PREFEITA: 83 99618-1855”.

A ação foi repudiada pelo Sindicato dos Médicos. Confira o texto na íntegra:

“O Sindicato dos Médicos do Estado da Paraíba – SIMED-PB - lamenta a atitude da Prefeita de Bayeux, que com a disfarçada intenção de resolver os problemas da saúde pública do município, se volta contra os profissionais de saúde e de apoio, em um ato que tangencia o assédio moral. O bom trato, a cordialidade, a empatia e a humanização são características que devem se fazer presentes em todas as pessoas, inclusive nos profissionais de saúde. Não se nega a existência de maus profissionais ou de más condutas, em qualquer área, mas tais casos não são resolvidos de modo autoritário. A própria prefeita responde ação de investigação judicial eleitoral (AIJE), proposta pelo Ministério Público Eleitoral, devido abuso de poder político e tem a oportunidade de se defender em foro competente. Os problemas da saúde pública de Bayeux são maiores do que os que a prefeita tenta expor, de forma que sua atenção deveria estar voltada para resolver tais problemas. Há UBS sucateadas, com estruturas físicas deterioradas, falta de equipamentos, materiais e EPIs. Há falta de segurança no ambiente de trabalho. A UBS Tambaí em agosto de 2020 foi invadida por grupo de homens armados que assaltou pacientes e profissionais de saúde. O Hospital e Maternidade João Marsicano já foi interditado algumas vezes pelo CRM-PB e pela Agevisa. A prefeitura de Bayeux, de acordo com o portal Sagres do Tribunal de Contas do Estado em outubro de 2020, possui apenas 20 médicos efetivos (concursados) enquanto que o número de médicos com contratações precárias é de 98 médicos, situação bastante irregular. O SIMED-PB já denunciou ao Ministério Público falta de condições de trabalho e de EPIs em algumas unidades de saúde do município. Também já ajuizou ação para cobrar o pagamento dos salários dos médicos do PSF, de abril de 2020, ainda hoje não pagos. Por fim o SIMED-PB sugere que os profissionais de saúde e de apoio aproveitem a oportunidade e façam suas reclamações sobre as más condições de trabalho, atraso de pagamento dos salários e demais irregularidades, através do telefone do ALÔ PREFEITA disponibilizado pela gestora”.


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