Abandono afetivo na 3ª idade: especialista aborda consequências psíquicas

Abandono afetivo na 3ª idade: especialista aborda consequências psíquicas

Na última semana, uma história comovente chamou a atenção das redes sociais. Dona Nadi, uma senhora de idade avançada, fugiu do Abrigo onde residia, na cidade de Anápolis, a 55 km de Goiânia. Sua motivação? O desejo de reencontrar sua família, especialmente seus netos que vivem em outra cidade, Uruaçu.

Um vídeo divulgado pelo delegado Manuel Vaneri, da Delegacia do Idoso de Anápolis, viralizou nas redes sociais, mostrando Dona Nadi pedindo ajuda para localizar seus parentes. Nas imagens, ela relata como escapou do abrigo, demonstrando determinação em sua busca por afeto e conexão familiar.

Após a repercussão do vídeo, uma reviravolta ocorreu quando os netos de Dona Nadi foram encontrados. Contudo, a triste notícia veio à tona: eles não tinham disponibilidade para visitá-la. Assim, a idosa permaneceu sem o abraço tão desejado, trazendo à tona questões sobre abandono e cuidado com os idosos.

O assunto foi abordado no programa Com Você desta segunda-feira (25), na TV Tambaú.

Diante desse caso, a discussão sobre os aspectos jurídicos e psicológicos do abandono de idosos ganha relevância. O advogado Cláudio Madruga, especialista em Direito Civil, ressalta que o abandono de idosos é um crime previsto no Estatuto do Idoso, exigindo cuidados assistenciais e emocionais por parte da família e da sociedade.

"A falta de assistencialismo, seja material ou moral, pode caracterizar esse crime", destaca o advogado. Ele enfatiza que não há um tempo definido para determinar o abandono, mas qualquer descumprimento dos cuidados necessários pode acarretar em sanções legais, incluindo multas e até prisão.

Por outro lado, a psicóloga Janaína Ferreira destaca a importância de compreender o abandono afetivo, que muitas vezes está relacionado a questões emocionais e culturais. Ela ressalta que o abandono pode desencadear problemas de saúde mental nos idosos, como depressão, intensificando a necessidade de apoio e atenção.

"A família e a sociedade como um todo têm o dever de cuidar dos idosos", afirma Janaína. Ela destaca a importância de construir uma rede de apoio para os cuidadores e de denunciar casos de negligência ou abuso contra os idosos.

Diante desse contexto, fica evidente a necessidade de repensar as estruturas de cuidado aos idosos, promovendo uma cultura de respeito, afeto e responsabilidade compartilhada. Afinal, o envelhecimento é uma realidade que todos enfrentaremos, e é fundamental garantir que nossos idosos recebam o cuidado e a dignidade que merecem.