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Vacina contra câncer de pele entra em última fase de testes

Imunizante inovador contra melanoma usa a mesma tecnologia de algumas das vacinas contra a Covid-19

Por SBT News Publicado em
Vacina cancer de pele
O imunizante é desenvolvido pela farmacêutica Moderna (Foto: Reprodução)

A vacina contra câncer de pele, batizada de mRNA-4157 (V940), começou a ser aplicada em pacientes com melanoma avançado em sua última fase de testes clínicos antes de ser submetida para aprovação pelos órgãos reguladores no Reino Unido.

O imunizante é desenvolvido pela farmacêutica Moderna em parceria com a MSD e usa a mesma tecnologia da vacina contra a Covid-19: o RNA mensageiro (mRNA). O diferencial, nesse caso, é que a tecnologia é capaz de criar uma versão da vacina personalizada, adequada às necessidades de cada paciente.

O estudo de fase 3 avalia a eficácia do imunizante combinado com Keytruda (pembrolizumabe), um medicamento imunoterápico contra o câncer de pele, em comparação com o tratamento atual, que utiliza apenas a imunoterapia.

Nos testes clínicos de fase 2, a combinação demonstrou uma redução de 44% no risco de recidiva do câncer de pele ou de morte em pacientes com melanoma de estágios III ou IV após três anos, em comparação com quem só recebeu Keytruda.

O melanoma afeta cerca de 132 mil pessoas por ano em todo o mundo e é o maior causador de câncer de pele. Atualmente, a cirurgia é o principal tratamento, embora às vezes também sejam utilizados radioterapia, medicamentos e quimioterapia.

Vacina contra câncer no pâncreas

Recentemente, testes em humanos divulgados no encontro anual da Associação Americana para Pesquisa em Câncer (AACR), nos Estados Unidos, mostraram que a vacina feita com mRNA pode "ensinar" o sistema imunológico a reconhecer e atacar um dos cânceres mais letais do mundo.

Dentre os 16 pacientes que participaram do ensaio clínico de fase I, conduzido no Centro de Câncer Sloan Kettering Memorial, em Nova York, oito apresentaram uma resposta imune capaz de impedir o avanço do câncer por até 3 anos (18 meses). Nos demais pacientes, a doença voltou (teve recidiva) após 13 meses.

Como a vacina age no corpo?

A vacina usa a tecnologia mRNA, ou RNA mensageiro, e é produzida pela BioNtech, empresa que criou um imunizante contra a Covid-19 com a mesma técnica. O RNA mensageiro é uma molécula que carrega as informações genéticas necessárias para fazer a síntese de proteínas específicas. Os pesquisadores identificaram moléculas na superfície tumoral dos pacientes e desenvolveram antígenos a partir delas. Isso também pode ser feito com superfície de vírus (como no caso do coronavírus causador da pandemia) e bactérias.

No caso do estudo americano, as vacinas foram feitas individualmente, usando as informações sobre as mutações que geraram o tumor pancreático de cada paciente, para gerar um neoantígeno, uma substância reconhecida pelo sistema imune adaptativo. Com isso, as células de defesa do corpo puderam desenvolver uma resposta imunológica direcionada e personalizada para que os anticorpos fizessem o reconhecimento e atacassem o corpo estranho (tumor) produzido pelo câncer.

Em outras palavras, o próprio sistema imunológico foi ensinado a reconhecer e eliminar o tumor.

Na divulgação do estudo, os pesquisadores apontaram que a tecnologia utilizada pela vacina foi capaz de "superar uma barreira fundamental para vacinas" contra o câncer que é gerar células T funcionais – tipo de célula do sistema imunológico capaz de produzir anticorpos para destruir células cancerosas.

"O mRNA pode, portanto, cumprir um requisito fundamental para vacinas eficazes contra o câncer", escreveram os pesquisadores.


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