Moro apresenta troca de mensagens em que Bolsonaro solicita mudança na Polícia Federal
Ao anunciar a demissão do Ministério da Justiça, Moro afirmou que o presidente havia tentado interferir politicamente na Polícia Federal.
O ex-ministro da Justiça, Sergio Moro, divulgou uma troca de mensagens entre ele e o presidente Jair Bolsonaro ocorrida nessa quinta-feira (23), na qual o chefe de Estado cobrou mudança no comando da Polícia Federal. O diálogo foi exibido no Jornal Nacional, da TV Globo.
Ao anunciar a demissão do Ministério da Justiça, Moro afirmou que o presidente havia tentado interferir politicamente na Polícia Federal ao decidir demitir o ex-diretor-geral da corporação, Maurício Valeixo. Em seguida, durante pronunciamento, Bolsonaro negou a declaração.
À TV Globo, Moro apresentou uma troca de mensagens entre ele e o presidente. Na imagem, aparece o contato identificado como "presidente novíssimo", indicando ser o número mais recente de Bolsonaro.
Em seguida, aparece que o chefe de Estado enviou para Moro o link de uma reportagem do site de notícias "O Antagonista", indicando que a Polícia Federal está "na cola" de dez a 12 deputados bolsonaristas.
"Mais um motivo para a troca", teria dito o presidente sobre a mudança na direção da Polícia Federal.
"Esse inquérito é conduzido pelo ministro Alexandre, no STF", respondeu Moro, se referindo ao ministro Alexandre de Moraes.
"Diligências por ele determinadas, quebras por ele determinadas, buscas por ele determinadas. Conversamos em seguida, às 09h", acrescentou.
Moro também enviou à TV Globo uma troca de mensagens com a deputada federal Carla Zambelli (PSL) em relação a acusação de Bolsonaro de que ele teria pedido indicação ao Supremo Tribunal Federal para aceitar demissão de Valeixo.
Procurada pela emissora, a deputada Carla Zambelli declarou que não vai se pronunciar sobre a troca de mensagens.
Na imagem exibida por Moro, Carla Zambelli diz: "Por favor, ministro, aceite o Ramage", se referindo a Alexandre Ramagem, diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e um dos candidatos de Jair Bolsonaro para a Direção-Geral da Polícia Federal.
"E vá em setembro pro STF. Eu me comprometo a ajudar. A fazer JB prometer", acrescentou a deputada.
"Prezada, não estou à venda", rebateu Moro.
Carla Zambelli segue:"Ministro, por favor, milhões de brasileiros vão se desfazer"
Na sequência, ela concorda que Moro não está à venda. "Eu sei", diz. "Por Deus, eu sei". "Se existe alguém que não está à verba é o senhor", disse.
"Vamos aguardar, já há pessoas conversando lá", finalizou Moro se referindo a tentativa de aliados de convencer o presidente a mudar de ideia.
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