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Todo mês, quase 500 mil trabalhadores pedem demissão no Brasil

Especialista em gestão empresarial e empreendedorismo explica o novo tempo na carreira dos profissionais

Por Renata Nunes Publicado em
As vagas estão disponíveis, a partir desta segunda (7).
As vagas estão disponíveis, a partir desta segunda (7). (Foto: Secom-PMJP/Divulgação)

Em meio a mais de 12 milhões de pessoas desempregadas e que buscam por um espaço no mercado de trabalho no Brasil, todos os meses, quase 500 mil trabalhadores com carteira assinada pedem as contas do emprego, mesmo saindo sem levar vantagem como, por exemplo, a aquisição do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço).

O dado revelado pelo estúdio de inteligência de dados Lagom Data, encomendado pela revista Você S/A, revela que o número representado mensalmente por meio milhão de brasileiros é o dobro do registrado nos anos anteriores à pandemia.

A Lagom Data analisou quase 188 milhões de registros de movimentações trabalhistas do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), entre 2016 e novembro de 2021, dado mais recente disponível para a conclusão do levantamento.

Ainda segundo a pesquisa, é tanta gente pedindo as contas no Brasil que, em um ano, os pedidos de demissão representaram uma rotatividade de 15% nas vagas com carteira assinada. O número total é ainda maior, já que o estudo foi feito com base exclusivamente nos desligamentos a pedido. Existem ainda as demissões por comum acordo, autorizadas pela reforma trabalhista de 2017 – e essas não ficam contabilizadas como voluntárias.

Outro dado que revela a rotatividade nas empresas por pedidos de demissão é da Microsoft. Uma das pesquisas feitas pela desenvolvedora de softwares mostrou que cerca de 41% dos profissionais de várias nações pretendem deixar seu trabalho atual em até um ano.

Pesquisas mundiais mostram que os pedidos de demissão ocorrem em esfera maior nos Estados Unidos, sendo tendência em demais partes do mundo. Por lá, mais de 7,5 milhões de americanos já deixaram os empregos voluntariamente apenas em 2021, num fenômeno que ganhou nome próprio: Great Resignation (“grande resignação”). E o perfil desses profissionais é semelhante ao perfil dos brasileiros. Trata-se de trabalhadores majoritariamente jovens – com menos de 30 anos – e do setor de serviços.

De acordo com o especialista em gestão empresarial e empreendedorismo, Paulo Junior, para não perder talentos as empresas precisam entender que o mundo dos negócios mudou. “Os movimentos que acontecem nos Estados Unidos refletem em muitos países, aqui no Brasil não seria diferente. Hoje, temos profissionais que desejam entregar resultados sem abrir mão de realizações pessoais, eu mesmo fiz esse movimento há mais de 10 anos. No atual mercado de trabalho, perde a empresa que não se adaptar às transformações, afinal, as carreiras não ocorrem mais de forma linear e esse movimento é inevitável”.

Paulo Junior explica que “se o contexto mudou, os líderes empresariais devem cada vez mais procurar entender o momento para não prejudicar os negócios com a alta rotatividade, que gera o baixo ritmo de produção. A gente entende que as empresas antigas são mais resistentes à mudança de paradigma, mas diante do poder da tecnologia que é onipresente, a preparação de líderes deve ser um fator preponderante para que possam encarar os desafios se faz mais do que necessária”, explica.

Em contrapartida, os brasileiros também estão pedindo demissão para viver do próprio negócio; esse já é o maior sonho do brasileiro, ficando atrás apenas da casa própria. Segundo o Sebrae nacional, cerca de 44 milhões de brasileiros são ou desejam ser empreendedores. Já segundo o GEM 2020 (Global Entrepreneurship Monitor), o Brasil tem a 7ª maior taxa de empreendedorismo inicial do mundo, destacando que somos o país que tem os empreendedores mais autônomos, ou seja, aqueles que desenvolvem suas atividades de forma independente.

“Os profissionais do mundo atual desejam trabalhar com menos estresse, trabalhar de casa, o chamado home office, ou no sistema híbrido. É importante reforçar, que todo esse processo que já existia, foi acelerado pela pandemia. E quem não se viu com medo de encarar o desconhecido, de tentar superar os próprios desafios, que buscou alternativas através do próprio negócio, se lançou no mercado”, avalia o especialista.

Paulo Junior explica que o risco nessa jornada é o de se lançar sem buscar entendimento e direcionamento. “Para concretizar esse sonho de empreender, é preciso se questionar, ter visão ampla do mundo dos negócios e colocar na ponta do lápis não apenas os números, mas também qual é o propósito desse novo negócio; quanto você precisa investir em tempo e dinheiro; quem são seus clientes; quanto você deseja ganhar. Pesquisar também como está o mercado onde você deseja atuar é muito importante. Tudo isso precisa ser feito antes, com planejamento, para evitar frustações posteriores”, orienta.


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