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Opinião

“Variantes” de fake news sobre a Covid-19 também ameaçam combate à pandemia

O Boatos.org já desmentiu 800 fake news sobre a pandemia

Por Renata Nunes Publicado em
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(Algumas fake news não passam de pequenas variações de outras notícias já desmentidas)

Em um momento no qual a pandemia tem sido controlada em alguns lugares do mundo (o Brasil, com certeza, não é um deles), a variante delta do Sars-CoV-2 tem se mostrado uma ameaça e feito com que novas medidas de proteção sejam tomadas. Infelizmente, a criação de “versões semelhantes” que driblam o “antídoto” não se restringem apenas a vírus. Isso também ocorre com fake news.

Há um ano e seis meses, o Boatos.org tem desmentido fake news sobre a pandemia. Ao todo, já foram 800. Algumas delas não passam de pequenas variações de outras notícias falsas já desmentidas. Temos três exemplos de notícias falsas que passaram por mudanças depois de serem desmentidas em um primeiro momento e voltaram a viralizar na última semana (todas estão nos "trends da semana" do Boatos.org).

Um dos casos é relacionado a um vídeo de um médico que atestaria que um exame negativo de anticorpos seria a prova de que a vacina Coronavac não imuniza (o que é falso e foi desmentido há cerca de 15 dias). Só que mesmo depois de o Boatos.org e outros sites atestarem que a informação é falsa, alguém pegou o vídeo (publicado inicialmente em redes sociais do médico), fez alguns cortes e colocou uma abertura. Parece pequena a mudança, mas foi o suficiente para o vídeo voltar a circular com mais força ainda.

Outro caso desmentido recentemente que voltou a circular com uma “roupagem nova” é de um texto que falava sobre “sintomas da Covid-19”. Mesmo contendo erros, o texto continuou circulando e ganhou força após deixar de ter a autoria atribuída à Unimed e à prefeitura da cidade de Palestina do Pará. A mudança nos forçou a fazer um novo artigo de checagem.

Houve, ainda, uma informação falsa lá do início da pandemia que voltou a circular: a que falava que a PF havia encontrado caixões vazios com pedras. Para a versão do ano passado para a de hoje, há apenas uma diferença: na época, o boato exaltava supostas ações do ex-ministro Nelson Teich e para negar a pandemia. Hoje, ele circula como forma de ataque a políticos do Amazonas que entraram em rota de colisão com o presidente da República.

Em todos os casos citados, as mudanças nos boatos fizeram histórias antigas e batidas ganharem uma roupagem nova (assim se apresentando como “algo recente” e sendo mais facilmente compartilhado) e, pior de tudo, “driblarem artigos de checagem” (infelizmente, mudar algumas palavras já faz com que desmentidos deixem de ser encontrados mais facilmente no Google). Ou seja: dificultam, ainda mais, a tarefa hercúlea de combater a desinformação na internet.

Enquanto algoritmos de buscadores e redes sociais não fazem nada para melhorar este quadro, cabe a quem trabalha combatendo a desinformação trabalhar com novos desmentidos a cada nova versão deste boato. É repetitivo (também para quem escreve), mas sabemos que faz parte do jogo de “gato e rato” das fake news.


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