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Projeção do agora

Pesquisadores dizem que Brasil pode ter ultrapassado 410 mil mortes por Covid

"Acredito ser maior, pois a situação atual é muito mais emergencial. É uma tragédia", disse Miguel Buelta, professor da USP

Por Juliana Alves Publicado em
Confira os números da pandemia na Paraíba
Confira os números da pandemia na Paraíba (Divulgação/Governo da PB)

A lamentável marca das centenas de milhares de vítimas brasilieiras da Covid-19 pode ser ainda ainda mais preocupante. Isso porque pesquisadores apontam que, a partir de registros hospitalares, o número de pessoas que morreram em decorrência de casos confirmados ou suspeitos do novo coronavírus no Brasil pode já ter passado de 410 mil.

A estimativa dos mais de 400 mil mortos pela Covid-19 no país aparece em análises de pesquisadores da  Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e da Universidade de São Paulo (USP). Ambas baseadas em dados oficiais de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), um quadro de saúde caracterizado por sintomas como febre e falta de ar, característico da Covid.

As análises pegaram dados do Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica da Gripe (conhecido como Sivep-Gripe) - no qual todo paciente que é internado com SRAG tem os dados notificados ao Ministério da Saúde. Através dele, é possível identificar quantas pessoas foram internadas com infecções respiratórias e quantos casos evoluíram para óbito no país.

Assim, os cientistas fizeram o nowcasting, que é uma projeção do agora.

"(O nowcasting) corrige os atrasos do sistema de notificação vigente, isto é, adianta-se as notificações oficiais futuras pelo tempo médio entre a ocorrência dos primeiros sintomas no paciente e a hospitalização, quando há o registro dos seus dados no sistema de vigilância. Esse tempo abrange várias etapas: desde procurar um hospital, coletar o exame, o exame ser realizado e o resultado do teste positivo para covid-19 estar disponível para ser incluído no banco de dados. O tempo acumulado entre essas etapas do processo causa atrasos de vários dias entre o número de casos confirmados no Sivep-Gripe (plataforma oficial de vigilância epidemiológica) e os casos ainda não disponíveis no sistema, que são compensados somando aos casos já confirmados uma estimativa de casos que devem ser confirmados no futuro", detalha o site Observatório Covid-19 BR.

Em sua análise, Leonardo Bastos, estatístico e pesquisador em saúde pública do Programa de Computação Científica da Fiocruz, disse que para chegar até o número de 415 mil mortes por SRAG são analisados os dados da semana atual e da anterior, com o objetivo de identificar quantos casos e óbitos tiveram uma semana de atraso.

"Assim, aprendemos a respeito do atraso e usamos isso para 'prever'/corrigir a semana atual e as últimas 15 semanas. O total de 415 mil mortes por SRAG é a soma dos casos observados acumulados até 15 semanas atrás com as estimativas mais recentes corrigidas", disse ele à BBC News Brasil.

O  pesquisador Miguel Buelta, professor da USP, também aponta um número parecido. "Fiz o cálculo para 14/01/2021. Subnotificação = 37% naquela data. Se este valor fosse mantido até hoje, no lugar dos 300 mil óbitos, poderíamos ter hoje 410 mil", disse ele em sua conta no Twitter.

Pegamos os dados de Óbitos por COVID e SRAG publicados até 14/03/2021. Como é conhecida a atualização frequente dos óbitos por SRAG, retrocedi 60 dias, e fiz o cálculo para 14/01/2021. Subnotificação = 37%, naquela data./2

— Miguel Angel Buelta Martinez (@MiguelBuelta) March 24, 2021

*Com informações BBC News Brasil


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