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Autonomia financeira

Projetos ajudam no empoderamento de mulheres em vulnerabilidade

Empreendedorismo é uma das formas que mulheres encontram de garantir autonomia financeira e sustento da família

Por Redação Publicado em
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Núbia decidiu empreender durante a pandemia (Foto: Divulgação/Arquivo pessoal)

Num mundo onde as desigualdades de gênero ainda continuam levantando muros, o empreendedorismo é uma ferramenta poderosa para empoderar as mulheres e construir pontes. É através da atividade empreendedora que mulheres alcançam a independência financeira e a realização de sonhos. A história da confeiteira Núbia Gouveia, 38 anos, é um exemplo de como o empreendedorismo pode transformar vidas.

Mulher negra, da periferia de João Pessoa, Núbia contou ao Portal T5 que começou a enfrentar as responsabilidades do trabalho fora de casa ainda na adolescência, e desde muito cedo a confeitaria fazia parte da renda. A decisão de arriscar no empreendedorismo e fazer o sonho virar realidade veio pouco antes da pandemia da Covid-19.

O pontapé de tudo foi um curso profissionalizante para mulheres em vulnerabilidade social, ofertado pela Secretaria de Direitos Humanos e Cidadania (Sedhuc) de João Pessoa. “Participar desse curso virou várias chaves na minha vida. Eu consegui enxergar melhor meu potencial e desenvolver o meu negócio de forma profissional”, diz Núbia.

Para Núbia, assim como para muitas mulheres, os desafios para conquistar a independência financeira não foram poucos. Afinal, antes do empreendedorismo, existem as responsabilidades do trabalho de cuidado exercido pelas mulheres, especialmente para as que são mães, esposas e donas de casa.

“Não é nada fácil, mas é prazeroso ver o resultado final. Para as mulheres que desejam ter sua própria renda, a mensagem que eu digo é: estude, planeje, trace metas e não desista por causa dos obstáculos. Foque no propósito e entenda qual caminho deve seguir. Porque quem não sabe onde quer chegar, qualquer caminho serve”.

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Foto: Divulgação/Arquivo pessoal

Donas do bolso

Desde 2020, o projeto de extensão da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) Donas do Bolso busca ajudar mulheres no caminho para o empoderamento. O projeto atua em três eixos: protagonismo feminino, finanças e negócios e soluções digitais.

"A gente trabalha com grupos de mulheres que possuem atividade de geração de renda em diferentes municípios da Paraíba. O nosso projeto apoia mulheres na estruturação dessas suas atividades, contribuindo com a criação de sites, gestão de rede social e até mesmo na busca de editais e financiamento de seus projetos", explica Thaís Firmino, professora e colaboradora do projeto.

Ela destaca que iniciativas como essa ajudam mulheres em situação de vulnerabilidade a desenvolver conscientização e autonomia financeira, além de senso de fortalecimento pessoal. Esses conhecimentos, na visão da professora, podem incentivar mulheres a interromperem ciclos de violência de gênero.

"A lógica de autonomia financeira para as mulheres ainda é muito recente, mas não tendo sua renda própria, não tendo a possibilidade de tomar essas decisões sobre a sua própria vida, a mulher pode sofrer impactos como o da violência doméstica, ser maltratada, ser humilhada, ser controlada e ficar refém de uma situação danosa porque não tem os meios para sair dela, não tem capacidade de tomar suas próprias decisões", argumenta.

Meiry Silva, professora do curso de Administração da UFPB e coordenadora do projeto Donas do Bolso, analisa que cada vez mais mulheres têm se tornado responsáveis pelo sustento de suas famílias. Por outro lado, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta que mulheres ainda recebem salários inferiores aos dos homens. Essa disparidade é ainda maior na população negra.

"A autonomia financeira é de extrema importância para que as mulheres tenham poder de decisão nas suas vidas. As principais barreiras enfrentadas nesse cenário de desigualdade de gênero é a historicamente construída sociedade patriarcal e misógina, que cobra das mulheres um posicionamento, mas não dá condições para que elas realizem as atividades de acordo e à altura do que é cobrado delas", analisa.


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