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Hospital Padre Zé tem ala desativada que foi construída e ainda é bancada pelo governo da PB

Casa de acolhimento tem 21 quartos, três pavimentos e custou R$ 2,5 milhões aos cofres públicos

Por Dennison Vasconcelos Publicado em
Pollyanna Dutra e Tiberio Limeira

O escândalo de supostas fraudes envolvendo o Hospital Padre Zé, em João Pessoa, ganha ramificações políticas. A denúncia anônima acolhida pelo Ministério Público da Paraíba (MPPB), que desencadeou a Operação Indignus, aponta os nomes de dois secretários do governador João Azevêdo (PSB). Repasses de verbas foram autorizados por Pollyanna Dutra (PSB) e Tibério Limeira (PSB) para o Lar Maria Odília, casa de acolhimento inutilizada há meses, mas que tem contrato vigente com o governo e já recebeu R$ 1 milhão.

A denúncia enviada ao MPPB aponta uma suposta prática de propina paga por padre Egídio para Tibério Limeira, à época secretário de Desenvolvimento Humano. O documento diz que o mesmo comportamento ocorreu quando Pollyanna Dutra assumiu a pasta, em fevereiro deste ano.

“Repasse de propina entregue em mãos a Tibério Limeira quando secretário de desenvolvimento humano, pela aprovação dos convênios, atualmente acontece com Pollyanna Dutra”, diz o documento.

A denúncia ainda afirma que a atual secretária do governo teve a mãe contratada pela unidade de saúde filantrópica. “[Pollyanna] exigiu a contratação da sua mãe na instituição com salário de R$ 5.200 (Lídia Dantas Werton), para manter a aprovação de recursos”.

A mesma versão sobre os possíveis crimes envolvendo os secretários de governo foi declarada em coletiva de imprensa pelo ex-funcionário do hospital, Samuel Segundo, no último sábado (21).

Lar Maria Odília

A casa de acolhimento do Hospital Padre Zé recebeu o nome de Maria Odília em homenagem in memoriam à mãe do governador, que foi voluntária da instituição. Para a construção do ambiente, o governo da Paraíba e a Receita Federal, em parceria, fizeram investimentos de aproximadamente R$ 2,5 milhões.

O local é destinado para atender pessoas em vulnerabilidade, mas a casa recebeu apenas um paciente, desde a inauguração, em junho de 2022. A informação foi confirmada ao Portal T5 pela atual administração do hospital.

O objetivo do espaço era garantir hospedagem de pessoas em vulnerabilidade, que não tinham para onde ir até que as prefeituras mandassem buscá-las para as cidades de origem após a alta hospitalar.

O local praticamente inutilizado foi inaugurado há 16 meses, com 21 quartos em três pavimentos, tem capacidade para atender 200 usuários por mês e até 2.400 por ano.

Mesmo sem ser usado, o ambiente recebeu o primeiro repasse de R$ 500 mil, antes da inauguração, em maio de 2022. Veja o demonstrativo de convênio anexado no site do governo da Paraíba.

O segundo pagamento foi realizado em 22 de fevereiro deste ano. Vinte dias depois de Pollyanna Dutra assumir a Secretaria de Desenvolvimento Humano, em 2 de fevereiro.

Para onde foi o dinheiro? 

Ao Portal T5, a gestão atual do Hospital Padre Zé informou que o convênio assinado neste ano está em vigência até dezembro, mas não há informações para qual finalidade o dinheiro foi empregado. “O repasse foi em parcela única no valor de R$ 500 mil que não consta mais nada na conta específica”, declarou a assessoria de imprensa.

A nova administração reforçou que busca reativar o equipamento, mas não informou prazo.

O que dizem os citados

Em nota, a assessoria de Pollyanna Dutra disse que as denúncias enviadas ao MPPB sobre a propina para concessão dos convênios não são verdadeiras. E ainda declarou que deve acionar juridicamente o ex-funcionário do hospital, Samuel Segundo.

“São inteiramente falsas e distorcidas, produzidas com a intenção de gerar efeito político e atingir quem em nada possui ligação com as estarrecedoras notícias veiculadas nas últimas semanas. Por essa razão, informamos que a secretária acionou a justiça contra as afirmações inverídicas proferidas pelo Sr. Samuel Segundo – criminoso confesso”.

Sobre a mãe da secretária que tem o nome entre os servidores do hospital, a assessoria explicou: “Lídia Dantas Werton foi convidada para trabalhar no Hospital Padre Zé em virtude da sua afeição pelas causas sociais. Destaca-se ainda que nunca faltou com suas obrigações, cumprindo rigorosamente sua carga horária, conforme atesta seu ponto eletrônico”.

A assessoria do secretário Tibério Limeira não respondeu à reportagem até a publicação desta matéria.

O Portal T5 buscou a assessoria do governador João Azevêdo, mas não houve retorno.

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