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Vítima de agressões revela por que demorou a denunciar médico na PB

Crime foi registrado pelo circuito de segurança do condomínio onde casal morava em 2022.

Por Cristiano Sacramento Publicado em
Agressões aconteceram nas dependências do condomínio onde o casal morava
Agressões aconteceram nas dependências do condomínio onde o casal morava (Imagem: Reprodução / TV Globo)

A estudante de medicina e enfermeira Rafaella Lima, de 32 anos, falou pela primeira vez sobre as agressões que sofreu em 2022. O médico João Paulo Souto Casado é investigado pelo crime, registrado em João Pessoa - e que ganhou repercussão nacional. A jovem informou que tentou bloquear as imagens e sensações sobre o que viveu no ano de 2022.

Me ver foi diferente. Eu tentava bloquear toda vez que aconteciam as agressões. Nem lembrava que tinha sido naquelas agressões. Sabia que ele tinha dado um murro”, disse ao Fantástico, da TV Globo.

O condomínio, cujas imagens dos episódios foram gravadas, denunciou agressão do médico contra mulher cerca de 20 dias após o primeiro episódio - em 26 de abril de 2022. Mas, a polícia não deu o devido andamento da investigação. Há um entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF), diante da Lei Maria da Penha, que determina a investigação em caso de violência doméstica mesmo que a vítima não queira.

A jovem informou que tinha medo de denunciar e passar por situações quais está suscetível agora. “Sabia que ele era o elo forte. Eu precisava das provas pois seria minha palavra contra a dele”, e acrescentou: “se hoje as pessoas com acesso aos vídeos falam o que falam… Imagine se não tivesse".

Ciclo vicioso

Rafaela sugeriu que a rotina de agressões tinha como ponto de partida a necessidade dela concordar sempre com a opinião de João. As agressões físicas aconteciam pelo menos uma vez ao ano, já as verbais “eram mais recorrentes”. “Algumas vezes ele me pediu desculpa, outras ficávamos calados, outras conseguimos conversar e noutras ele se sentia incomodado com meu corpo machucado”, detalhou.

Ela apontou que o médico dizia que se o casal se separasse as pessoas não iam ajudá-la em nome do médico. “Entrei num ciclo vicioso e me deixei levar por sentimento, emoção e dependência financeira. Ele tomou as rédeas da minha vida”, concluiu.

Investigação

O Ministério Público da Paraíba (MPPB) iniciou a investigação sobre uma suposta negligência policial no caso, já que a época da denúncia não foi dado o devido andamento ao processo. A promotora de justiça expediu um ofício à coordenadora das Delegacias da Mulher na Capital (Deam) solicitando que, no prazo de cinco dias a contar da última quinta-feira (14), sejam prestadas informações sobre a denúncia de agressão do médico.

Médico se apresentou

João Paulo Casado se apresentou à polícia nesta quarta-feira (13). Ele foi interrogado e liberado em seguida. O interrogatório aconteceu de forma espontânea na Delegacia da Mulher, em João Pessoa. Durante os questionamentos da delegada Cláudia Germana, o investigado permaneceu em silêncio.

Denuncie

Se você sofre ou presenciou algum tipo de violência contra as mulheres, denuncie. Em caso de emergência, a mulher ou alguém que presencie alguma agressão, pode pedir ajuda por meio do telefone 190, da Polícia Militar.

Na Paraíba, as denúncias podem ser feitas também em qualquer uma das Delegacias da Mulher (Deam) espalhadas em todas as regiões, além do plantão 24 horas na Deam Sul de João Pessoa, que funciona na Central de Polícia.

Além desses locais, o denunciante poderá utilizar os telefones 197 (Polícia Civil), 190 (Polícia Militar, para chamado de urgência) ou o 180 (número nacional de denúncia contra violência doméstica). Outra opção é fazer um registro da denúncia através da delegacia online no endereço: www.delegaciaonline.pb.gov.br

Denúncias de violência contra mulheres também podem ser feitas pelo WhatsApp. Para isso, basta enviar uma mensagem para o número (61) 9610-0180 pelo aplicativo ou pelo link https://wa.me/556196100180?text=oi.

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