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Onde estão os médicos na rede pública de saúde da Paraíba?

Gestores reclamam a falta de médicos para contratação. Ao mesmo tempo, estado tem o maior número desses profissionais no Nordeste

Por Juliana Alves Publicado em
Secretaria de Saúde explica carência de médicos no interior da Paraíba
Secretaria de Saúde explica carência de médicos no interior da Paraíba (Foto: Divulgação/SIM)

Com UTIs lotadas de pacientes infantis em hospitais públicos da Paraíba, a Secretaria de Saúde declarou, nesta quinta-feira (11), a necessidade de contratação de novos médicos. Sem equipe suficiente, a gestão recorre a profissionais de saúde de estados vizinhos, como Ceará, Rio Grande do Norte e Pernambuco. De acordo com a gestão de saúde do estado, faltam médicos especialistas na Paraíba.

As cidades afastadas dos grandes centros urbanos têm maior carência de profissionais, mas até municípios da Região Metropolitana de João Pessoa, como Bayeux, enfrentam a escassez de médicos para o Sistema Único de Saúde (SUS). Nesta semana, o Conselho Regional de Medicina da Paraíba (CRM-PB) interditou o trabalho dos médicos da UPA (Unidade de Pronto Atendimento). Para a fiscalização, os profissionais estavam sobrecarregados. Na capital, pacientes também denunciam a ausência de médicos.

Em meio à busca por esses profissionais na Paraíba, dados do Conselho Federal de Medicina (CFM) revelam que a Paraíba é o estado com o maior número de médicos no Nordeste. De acordo com um levantamento divulgado em fevereiro deste ano, o estado possui 8.821 médicos para uma população de 4,06 milhões de habitantes.

Onde estão os médicos?

Para Ari Reis, secretário executivo da rede de unidades da SES, a principal dificuldade enfrentada pelo sistema público é a falta de capacitação dos profissionais. Ele citou, por exemplo, a carência de pediatras preparados para atuar em Unidades de Terapias Intensivas (UTIs) no estado, especialmente neste momento, em que são registradas altas taxas de ocupação de leitos por crianças com sintomas respiratórios. Por isso, a decisão de contratar médicos de outros estados.

“Quem dá plantão em uma UTI não é um pediatra comum, que faz consultas no posto de saúde. É um pediatra especialista em medicina intensiva”, explicou Ari. Atualmente, para essa especialização, o estado oferece apenas duas vagas por ano.

Mas esse não é um problema somente da pediatria. Segundo o secretário executivo, na Paraíba também faltam médicos ortopedistas, anestesistas e obstetras no interior do estado. Pensando em mudar esse cenário, a Secretaria de Saúde quase dobrou a remuneração de um plantão de 12 horas, que hoje custa R$ 2 mil. No entanto, o quadro ainda permanece com déficit.

O que diz o sindicato dos médicos

Ao Portal T5, o Sindicato dos Médicos (SIMED-PB) afirmou que não sabia da contratação de especialistas de fora. A entidade que representa a categoria declarou que "desconhece qualquer edital divulgado recentemente com chamamento desses profissionais [médicos na Paraíba]". Em nota, o sindicato confirmou que existem algumas especialidades onde as contratações são mais difíceis (pediatria, anestesiologia, ortopedia, cardiologia), mas que a melhor solução é o concurso público. "Para tudo existe uma saída", afirmou o presidente do Sindicato dos Médicos, Tarcísio Campos.

Além da rede pública estadual, os municípios paraibanos também enfrentam problemas para contratação desses profissionais de saúde. Ao T5, o presidente da Federação das Associações de Municípios da Paraíba (Famup), George Coelho, afirmou que 70% das cidades sofrem com a dificuldade de contratação de médicos. "Muitas vezes os médicos não querem trabalhar no interior porque têm clínicas particulares e querem ficar sempre em torno de um grande centro, como Campina Grande e João Pessoa", disse.

Em nota, o Simed-PB pontuou que um dos motivos para a carência de profissionais no interior do estado está relacionado à falta de condições de trabalho. "Na maioria das cidades, falta o básico", diz um trecho do comunicado.

Em João Pessoa

A falta de médicos tem sido sentida também na capital do estado. Nesta quarta-feira (10), o Portal T5 divulgou denúncias de moradores do bairro Bessa que enfrentam dificuldades para receber atendimento em uma Unidade de Saúde da Família (USF) da região.

A Prefeitura de João Pessoa confirmou a falta temporária dos profissionais na unidade e explicou: "uma das médicas entrou de licença-maternidade e a outra precisou se afastar nesta semana, devido a uma cirurgia". Em nota, o município disse que "já está sendo providenciado um outro profissional para atender na USF".

Diante de reclamações sobre a falta de médicos nas unidades de João Pessoa, a Secretaria Municipal de Saúde declarou que já enfrentou dificuldades para contratação, principalmente para áreas específicas, mas, depois de incentivos financeiros para a categoria, a situação foi corrigida.

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