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Ciclovias insuficientes complicam adesão à bicicleta em João Pessoa

Especialistas ouvidos pelo Portal T5 alertam sobre a importância de investimentos em vias exclusivas para ciclistas

Por Juliana Alves Publicado em
Orla de Cabo Branco deve um dos destinos nesse feriadão
Orla de Cabo Branco deve um dos destinos nesse feriadão (Foto: Reprodução/Secom-JP)

Quilômetros de avenidas em todos os lados de João Pessoa ficam cada vez mais congestionados. Sobram veículos e falta paciência para os condutores. Atualmente, 304 mil carros e 142 mil motocicletas atravessam a cidade, conforme dados do Detran-PB (Departamento Estadual de Trânsito da Paraíba). Quem busca um transporte rápido, limpo e econômico, como a bicicleta, não encontra facilidade para trafegar. Pouco mais de 100 quilômetros de ciclovias e ciclofaixas atravessam uma parte privilegiada da capital paraibana.

São poucas as vias que incentivam o uso de bicicletas e aumentam a sensação de segurança dos ciclistas. Os espaços que existem não alcançam os bairros mais pobres da cidade e estão distantes de serem suficientes. Em João Pessoa, a mais recente ciclofaixa foi inaugurada há dois anos.

A bicicleta evita congestionamentos, ruídos e poluição, mas essas vantagens estão longe de substituir as preferências de algumas pessoas. As razões para isso são muitas e entre elas está a falta de estrutura.

“Se você investe em ciclovias, você terá mais pessoas pedalando. Hoje, se não tem muita gente pedalando, é porque a maioria não se sente segura”, pontuou o representante da União de Ciclistas do Brasil ao Portal T5, Felipe Alves.

Segundo ele, diferente dos investimentos em rodovias, destinar recursos para a construção de ciclovias traz benefícios para a cidade. “Existem algumas pesquisas sobre o retorno de investimento em ciclovia para a sociedade e, em geral, elas indicam que para cada quilômetro que uma pessoa dirige, a cidade subsidia um certo valor. Já para cada quilômetro que a pessoa pedala, há um retorno do investimento para a cidade, seja em saúde ou meio ambiente”, disse.

Para Felipe, é fundamental que a sociedade tenha voz ativa e questione o poder público sobre os investimentos para o deslocamento de carros, motos e caminhões e, principalmente, de bicicletas.

Em conversa com o Portal T5, a geógrafa e professora da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) Andréa Porto disse que tornar João Pessoa uma cidade ciclável é possível - e necessário. "É preciso fazer o que as cidades que são cicláveis hoje fizeram um dia: implementar infraestrutura cicloviária e mobiliário urbano de suporte, criar normas sociais e cenário cultural favorável à bicicleta. E o principal, desinvestir em infraestruturas para carros".

Em João Pessoa, conforme a Superintendência de Mobilidade Urbana (Semob-JP), a mais recente obra de construção de ciclofaixa foi entregue há dois anos. A via exclusiva para ciclistas foi implantada na rodovia PB-008, entre a entrada do bairro do Seixas até o Centro de Convenções.

Sinal vermelho

A falta de investimento em vias exclusivas para ciclistas desenha riscos cada vez maiores para quem está sobre duas rodas. Na contramão da Lei, motoristas desrespeitam quem está em veículos menores e, nesse caso, a bicicleta. “Tem uma máxima do código de trânsito que diz que o maior sempre deve proteger o menor. Mas na realidade acontece o contrário: quanto maior o veículo, mais as pessoas usam ele para se impor. O que era para proteger, é usado para ameaçar”, pontuou Felipe.

Um exemplo disso é a quantidade de ciclistas vítimas de acidentes de trânsito. Dados solicitados pelo Portal T5 ao Hospital de Emergência e Trauma de João Pessoa revelam que, somente nos quatro primeiros meses deste ano, 244 ciclistas foram socorridos vítimas de acidentes. O número é 1% maior que o registrado no mesmo período de 2022.

Mas esses não são todos os casos, o que é ainda mais alarmante. Isso porque é preciso considerar as vítimas que morrem antes de serem socorridas e aquelas que são levadas para outras unidades de saúde, por exemplo.

Maio amarelo

O mês de maio é dedicado a ações de conscientização sobre atitudes prudentes no trânsito para evitar acidentes. O objetivo é sensibilizar pedestres, ciclistas, motoristas e motociclistas para comportamentos mais seguros nas ruas.

O movimento maio amarelo surgiu após Assembleia-Geral das Nações Unidas, realizada em março de 2010. Neste ano acontece a 10ª edição da campanha no Brasil, que tem como tema: “No trânsito, escolha a vida”.


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