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Reunião discute despejo de esgoto em eixo da transposição, na PB

Participaram da reunião, gestores e representantes do Ministério Público Federal

Por Carlos Rocha Publicado em
MPF constata despejo de esgoto na transposição do São Francisco, na PB
MPF constata despejo de esgoto na transposição do São Francisco, na PB (Foto: Divulgação/ MPF-PB)

Em reunião realizada na tarde desta quarta-feira (8), na sede do Ministério Público Federal (MPF) localizada em João Pessoa, órgãos públicos se comprometeram a executar melhorias em obras do Projeto de Integração do Rio São Francisco (Pisf), no Eixo Leste, Meta 3L, em Monteiro, no Cariri da Paraíba.

Durante o encontro, a prefeita de Monteiro disse que o município adotará maior rigor ao expedir alvará de construção nas margens do canal da transposição. Se comprometeu, ainda, a manter a limpeza do canal pluvial (de águas de chuvas) que corta a cidade de Monteiro. Já o presidente da Companhia de Água e Esgotos da Paraíba (Cagepa) se comprometeu a fazer cronograma de identificação de residências que têm fossas sépticas com problemas de transbordamento de esgoto, e disse que vai reforçar o canal de comunicação com a sociedade. A Cagepa se comprometeu também a fazer medição da potabilidade (qualidade da água) em pelo menos três pontos entre Monteiro e o açude de Poções, manancial que abastece a cidade. Já a Caixa Econômica Federal notificará construtores que tiveram atuação na construção de casas em área habitacional erguida às margens do canal da transposição. As medidas a cargo da Cagepa já se iniciam dia 13/06 próximo.

Inspeção – Nos dias 16 e 17 de maio passado, o Ministério Público Federal (MPF) realizou perícia no Pisf, Eixo Leste, Meta 3L, e constatou, além de lançamento de efluentes, falta de manutenção em canais de águas de chuvas que vão para o rio Paraíba. A perícia também constatou assoreamento e deterioração no canal de drenagem de águas superficiais, que fica ao lado do canal que abriga as águas da transposição do rio São Francisco, e serve para reduzir os impactos das chuvas. A inspeção foi realizada de Monteiro até a divisa com Sertânia, em Pernambuco.

Outros problemas constatados pelo setor pericial do Ministério Público Federal foram pontos de erosão em canais pluviais e no canal da transposição, bem como mato e sujeira no enrocamento, ficando clara a falta de manutenção da obra do Pisf.

Durante a perícia, os técnicos constataram ainda que várias casas da Rua Antônio Saturno Bezerra, financiadas pela Caixa Econômica Federal, foram entregues, recentemente, com fossas fora de padrão normativo, o que faz com que elas estourem e que esgoto seja lançado no canal pluvial e rio Paraíba (na desembocadura da transposição), que ficam próximos à rua.

Para a procuradora da República em Monteiro, Janaina Andrade, é sempre necessário rememorar que a transposição teve elevado investimento de recursos públicos e também um dano elevadíssimo à bacia doadora nos aspectos do meio ambiente natural e social. “Verificou-se, na reunião, a disposição dos órgãos em contribuir para a solução dos problemas. Mas é importante salientar que a discussão acerca do problema do esgotamento em Monteiro é tardia, já que a legislação obriga o saneamento básico nas cidades é bastante antiga. E vale lembrar que as condicionantes das licenças de instalação e de operação do Pisf ainda não foram cumpridas”, declarou a representante do MPF.

O procurador de Justiça Álvaro Gadelha destacou que a reunião teve êxito porque contou com a participação dos atores principais. Ele reforçou que não se pode admitir que seja misturada água limpa com suja. Afirmou ainda que a preocupação não é apenas dos órgãos, mas também da sociedade, e que saiu satisfeito porque os envolvidos convergiram e reconheceram os problemas. “Nós estaremos atentos e de mãos dadas, com todos os órgãos, para que colhamos bons frutos”, avisou o representante do MPPB.

Já o procurador federal dos Direitos do Cidadão do MPF, Carlos Vilhena, reforçou, durante fala na reunião, que o direito à água é um direito humano, e que a união de todos os órgãos para resolução do problema é algo emblemático. “Aqui, se efetiva a busca de mais conexões e menos protagonismo. Todos precisam ter como foco a busca por transformações sociais positivas”, destacou o PFDC.

Além de representantes do MPF (Carlos Vilhena – procurador federal dos Direitos do Cidadão, José Guilherme Ferraz – procurador-chefe e Janaina Andrade – procuradora regional dos Direitos do Cidadão), participaram da reunião pelo MPPB os procuradores Álvaro Gadelha e Francisco Sagres, os promotores Diogo D’arolla e Ernani Lucas, além de Marcela Asfora – procuradora-chefe em exercício do MPT e Bradson Camelo – procurador-chefe do MPC.

Participaram, ainda, além dos representantes da Prefeitura Municipal de Monteiro, Cagepa e Caixa, integrantes do Ibama, Ministério do Desenvolvimento Regional, OAB, Secretaria Estadual de Infraestrutura, dos Recursos Hídricos e do Meio Ambiente, Agência Executiva de Gestão das Águas (Aesa), parlamentares federais, estaduais e municipais (de Monteiro) e sociedade civil. Participaram também auditores do Tribunal de Contas da União e do Tribunal de Contas do Estado da Paraíba.

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