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Desvios no Padre Zé

Padre Egídio e ex-funcionárias tentaram ocultar provas de crimes, diz MPPB

Jannyne Dantas e Amanda Duarte teriam alterado senhas de e-mails institucionais, enquanto o padre Egídio de Carvalho teria apagado arquivos, incluindo conversas no WhatsApp

Por Juliana Alves Publicado em
Padre Egídio de Carvalho Neto
Padre Egídio de Carvalho Neto (Foto: Reprodução)

O ex-diretor do Hospital Padre Zé, Egídio de Carvalho Neto, principal alvo da Operação Indignus, tentou apagar rastros de atos ilícitos. A informação consta em mandado de prisão preventiva expedido pelo desembargador Ricardo Vital de Almeida. A ex-tesoureira do Hospital Padre Zé, Amanda Duarte Silva Dantas, e a ex-diretora administrativa da unidade, Jannyne Dantas Miranda e Silva, também teriam se empenhado na ocultação de provas.

"Aparelhos celulares apreendidos demonstram uma orquestração dos alvos no sentido de aparentemente apagar os rastros dos malfeitos, combinando para troca dos telefones, mudança de senhas dos e-mails institucionais, dentre outras atividades que apontam para um conluio criminoso em defesa da manutenção das coisas como estão", relatou o Ministério Público da Paraíba.

De acordo com o MPPB, Jannyne Dantas e Amanda Duarte teriam alterado senhas de e-mails institucionais, enquanto o padre Egídio de Carvalho teria apagado arquivos, incluindo conversas no WhatsApp.

"Inúmeras conversas foram apagadas, existindo apenas algumas posteriores a 5 de setembro de 2023 (início da Operação Pai dos Pobres que culminou com a prisão de Samuel Segundo). Pelo que se observa claramente, o investigado Egídio Neto apagou quantidade considerável de mensagens, de inúmeros outros contatos, almejando tirar do conhecimento do Poder Judiciário a forma como tocou a empreitada criminosa, antes de entregar seu aparelho telefônico", aponta o Ministério Público.

Além disso, segundo depoimento de uma contadora do Hospital Padre Zé, as operacionalizações financeiras eram feitas de modo a dificultar o caminho do dinheiro. Ela registrou em depoimento que os ordenadores de despesas eram Egídio e Amanda e que na maioria das vezes eram feitos cheques de altos valores (entre R$ 50.000 e R$ 200.000) para que fossem sacados em dinheiro, na boca do caixa.

"Nesse mecanismo financeiro, o cheque sacado era intitulado como a primeira saída de caixa, enquanto o valor em espécie (sacado) era a entrada de caixa. Entretanto, pelos relatórios de contabilidade, não se foi possível constatar para onde ou para quem foram esses valores sacados em espécie de contas do Instituto São José", informa o processo.

Enriquecimento ilícito

O documento cita Egídio de Carvalho Neto, Jannyne Dantas e Amanda Duarte como "principais beneficiários de desvios milionários praticados por uma organização criminosa voltada ao esfacelamento de uma instituição de saúde".

"Foram identificados mais de trinta atos (em tese) ilícitos, cometidos, pelo grupo criminoso liderado pelo padre Egídio, as averiguações iniciais já trazem à tona indícios de irregularidades desde o início da gestão de Egídio no ano de 2013 até os tempos atuais, evidenciando um crescimento patrimonial desproporcional durante sua administração. Acrescenta-se a essa narrativa a descoberta de 29 imóveis registrados em seu nome em diversos estados da federação, além de dois automóveis de alto padrão", pontua.

Ainda conforme as apurações, Egídio, Jannyne e Amanda foram responsáveis por um "estrondoso desfalque financeiro nos cofres dos institutos, constantemente abastecidos com recursos públicos (Convênios, Termos de Colaboração, Termo de Fomento, entre outros), existindo, dito de outro modo, uma verdadeira confusão patrimonial entre os bens dos institutos (que também eram públicos) e os particulares do grupo criminoso".

Desprezo pelos mais pobres

O Ministério Público destaca que o dinheiro desviado deveria atender às necessidades dos mais vulneráveis. "Os vulneráveis foram esquecidos, enganados e desprovidos do pouco que lhes eram confiados. A ganância, marca da gestão exercida por Egídio deixou o Hospital Padre Zé em situação de penúria, com débitos estimados em R$ 2.343.723,66, mesmo tendo percebido, através de transferências financeiras oriundas de convênios firmados com Estado da Paraíba, o montante de R$ 16.180.000,00 entre 22/12/2022 e 11/09/2023", diz o órgão.

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