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Alvará de soltura

Presa após filha morrer com indícios de maus tratos, mãe nega acusações

Jovem de 30 anos recebeu alvará de soltura nesta quarta-feira.

Por Redação Publicado em
MULHER FILHA MAMANGUAPE
Mulher recebeu alvará de soltura na tarde desta quarta-feira Mulher recebeu alvará de soltura na tarde desta quarta-feira Foto: Cristiano Sacramento

A primeira vez em João Pessoateve como ‘hospedagem’ o presídio feminino Júlia Maranhão,localizado no bairro de Mangabeira, Zona Sul. Presa por suspeita de maus tratos - que supostamente contribuíram com morte da filha de um ano, Josefa (que terá o nome e identidades originais preservados) recebeu o alvará de soltura na tarde desta quarta-feira (15).

Com exclusividade, ela contou sua versão dos fatos ao Portal T5.

Resumo do caso

A morte de uma menina de um ano e dois meses foi registrada no último fim de semana, em Mamanguape, no Litoral Norte da Paraíba. A pequena Maria Lívia morreu após dar entrada no Hospital Geral da cidade (HGM) com indícios de desnutrição e maus tratos. A mãe foi presa pela polícia e encaminhada ao presídio situado na capital.

Após deixar a unidade prisional com o alvará de soltura entre os dedos, ela detalhou ao Portal T5 o que aconteceu. Abaixo, confira a sequência aleatória de questionamentos realizados à mulher de 30 anos.

O que aconteceu no dia da morte de Maria Lívia?

“Eu estava em casa e ela [Maria Lívia] começou ‘impar’ [relativo a passar mal]. Desse ‘impamento’, ela vomitou. Olhei pra ela e disse: vou levá-la no hospital. Foi eu mesmo que levei. Quando chegamos, perguntaram o que ela tinha. Respondi que ela estava muito branca [pálida]. Lá, colocaram o aparelho nela, mas não tinha pediatra”, adiantou.

“Aí, a médica sem ser pediatra, atendeu. Depois que ela examinou minha filha, botou Maria no soro. No segundo soro que minha filha estava tomando… ela ainda estava boa. Mas, não chegou nem a terminar a medicação. Chegou a médica pedindo pra eu dar um pouco de sopa. Eu dei. Depois da sopa, ainda dei de mamar. Nesse momento, com pouco tempo que eu estava com ela no braço, veio uma enfermeira, pegou ela e levou pra um quarto. Depois disso, eu não vi mais nada”, destacou.

“Aí falei: deixa eu entrar pra ver minha filha. Me responderam: fica aí, que tá tudo bem. Nada de deixar eu entrar. Eu mandei chamar o conselho tutelar. A menina chamou o conselheiro e quando ele chegou pedi pra dar uma olhada e saber se ela estava bem. Mas, não deixaram ele ver. Ele ainda conseguiu olhar da porta e me disse que estavam atendendo ela. Daí, saiu e disse que ia na minha casa pegar roupas para nos levar pra João Pessoa. Ela estava lá com os médicos. Mas, quando ele voltou disseram que a menina tinha falecido”.

Ainda de acordo com a mulher, no momento que recebeu a notícia ela não 'não sabia o que fazer'. "Botei a mão na cabeça e comecei a chorar. Me colocaram dentro de uma sala. Quando minha irmã chegou, me liberaram. Mas, eu disse que só saia do hospital com minha filha. A partir daí, me agarrei com minha irmã. Foi ela que começou a conversar com a médica. Aí não vi mais nada”, atenuou.

“Depois disso fui pra casa. Quando chego em casa, com pouco tempo, chega meu irmão, meu primo com os homens [a polícia]. Dali, me levaram pra delegacia e eu não entendi. Fiquei levando uma culpa de que eu tinha matado minha filha. Disseram que eu tinha deixado minha filha em casa, trancada, e tinha ido pra uma festa. Nunca fiz isso com minha filha”, completou.

Como foi estar no presídio?

“Estar lá, é diferente de estar na rua. Mas, não me trataram mal”.

Abandono

Acusada de abandonar e até tentar entregar cinco dos sete filhos a outras pessoas, a mulher desmentiu tal versão.

“Nunca pretendi dar meus filhos, eles são tudo na minha vida. Não faltava nada pra minha filha. Apenas, ela não queria comer. Só mamar”.

Como era Maria Lívia?

“Minha filha era a coisa mais linda”, exclamou. “Minha filha tinha um ano e dois meses. Ela só fazia mamar. Ela não queria comer. Eu não ia forçar minha filha pra comer a força. Aí, tão dizendo que eu matei ela. Mas, eu nunca ia matar meus filhos”.

E agora?

“Penso que daqui pra frente que Deus cuide dela. Vou pra casa cuidar dos meus filhos”, prometeu. “Quando eu voltar pra Mamanguape, primeira coisa: de amanhã em diante vou voltar pro meu lugar. Cuidar dos meus filhos, na minha casa”.

A jovem é da aldeia indígena Tramataia, localizada na cidade de Marcação, ainda no Litoral Norte. “Se deixarem eu entrar, vou cuidar dos meus filhos. O problema com meu ex-marido revolvo depois”. Ainda segundo ela, os seis filhos estão com o pai.

O que vem na cabeça de não acompanhar o sepultamento da filha mais nova?

“Tô muito triste, entendeu. Muito triste mesmo. Pior ainda é não estar no lado dela. Mas, Deus sabe que eu não fui porque não deixaram, e não por vontade”.

Algum sentimento de culpa?

“Tenho o sentimento de culpa sim. Porque era pra eu ter levado minha filha pra o hospital e não pra um posto médico, de início. Só que quando eu levei pra o HGM não tinha pediatra pra ela. Aí não pude fazer mais nada”.

Você tem medo de morrer?

“Deus sabe o que fazer. Só Deus sabe. Isso entrego na mão dele”, finalizou.


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