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Reportagem especial

Crianças e adolescentes reproduzem violência que presenciam, diz especialista

Neuropsicóloga Larissa Machado explicou ao Portal T5 que vítimas de violência têm potencial para se tornarem futuros agressores

Por Juliana Alves Publicado em
Entre 2020 e 2022, 8.896 menores foram vítimas de violência na Paraíba
Entre 2020 e 2022, 8.896 menores foram vítimas de violência na Paraíba (Foto: Marcos Santos/USP Imagens)

O que pode explicar um comportamento violento? Na última semana, ataques em escolas de São Paulo e dos Estados Unidos provocaram reflexões sobre a atitude dos criminosos. Diante de alguns questionamentos, a ciência defende que as raízes dessas práticas podem ter relação com uma infância com violência.

Para a neuropsicóloga Larissa Machado, na maioria das vezes, as pessoas que cometem algum tipo de violência reproduzem uma atitude que presenciaram ou sofreram. Assim, comportamentos agressivos podem ser explicados por situações de violência sofridas durante a infância ou juventude.

Se sua comunicação com seu filho é só de bater ou gritar, ele vai crescer achando que somente batendo ou gritando que ele vai conseguir alguma coisa, seja com os futuros companheiros ou filhos, por exemplo.

De acordo com a especialista, até os sete anos de idade a criança absorve aprendizados que serão reproduzidos em diversas situações da vida adulta. “É nesta fase da infância que o caráter é construído, que a criança aprende o comportamento”, disse. Por isso, o comportamento agressivo pode ser justificado por episódios anteriores.

“Muitas vezes esses casos acontecem com pessoas em famílias desestruturadas, que vivem situações de violência doméstica ou que têm uma cultura armamentista. A criança ou adolescente que está em fase de desenvolvimento e ver isso dentro de casa ela vai reproduzir essas atitudes”, afirmou Larissa.

A neuropsicóloga destaca ainda que conteúdos acessados na internet, por exemplo, podem contribuir para o desenvolvimento de atitudes violentas. “Hoje em dia, as crianças e adolescentes estão muito inseridos no ambiente virtual, e eles buscam grupos com os quais se identificam. Então, é importante observar os comportamentos e monitorar esses conteúdos”.

FALHA SOCIAL

Em conversa com o Portal T5, Larissa Machado explicou que a responsabilidade de garantir um desenvolvimento saudável para crianças e adolescentes é de todos. Para ela, quando há um episódio de violência contra menores, a falha é social.

Infelizmente, a nossa sociedade ainda não está educada sobre a violência infantil. Muitas vezes esse tipo de violação é naturalizada, sendo 'justificada' como forma de educar.

AUMENTO DA VIOLÊNCIA

Um levantamento exclusivo, divulgado pelo Portal T5, revela que a violência contra crianças e adolescentes cresceu na Paraíba. De acordo com dados da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Humano (SEDH), nos últimos três anos o índice de violações contra menores deu um salto de 30% no estado.

Ao todo, entre 2020 e 2022, 8.896 crianças e adolescentes foram atendidas pelos Centros de Referência Especializados de Assistência Social (CREAS) vítimas de negligência, abuso sexual, exploração sexual, violência psicológica, trabalho infantil e abandono.

O Portal T5 conversou com o juiz titular da 1ª Vara da Infância de Juventude de João Pessoa, Adhailton Lacet Porto, que explicou as possíveis causas desse aumento.

DENUNCIE

Se você conhece alguma criança ou adolescente que sofre ou sofreu violência, denuncie.

Os principais canais de atendimento que recebem denúncias de violências contra menores são: Conselho Tutelar, Disque 100 (canal nacional), Disque 180, Disque-denúncia (197), delegacias e Ministério Público.

Também é possível denunciar de forma virtual pelo serviço Delegacia Online, no site www.delegaciaonline.pb.gov.br.

Imagem de Freepik


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