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Coluna Josival Pereira

Por que Cartaxo desiste das prévias no PT e Nilvan antecipa filiação?

Josival Pereira analisa movimentação política na pré-campanha das Eleições Municipais de 2024

Por Josival Pereira Publicado em
Nilvan Ferreira
Nilvan Ferreira (Imagem: Reprodução / Redes Sociais)

Por que o deputado Luciano Cartaxo desistiu de disputar a prévia no PT para indicação do candidato a prefeito pelo partido em João Pessoa?

Como causa imediata, pode-se apontar a derrota na articulação interna com as diversas correntes politico-ideológicas da legenda, que, claramente, se inclinaram em favor da candidatura da deputada Cida Ramos. Para evitar o vexame de uma derrota direta nas prévias, Luciano preferiu abandonar o processo.

As verdadeiras causam, no entanto, remontam a 2015, quando o então prefeito Luciano Cartaxo, decidiu deixar os quadros petistas para disputar a reeleição.

À época, o PT vivia o inferno das acusações da Operação Lava Jato, que resultaram na prisão de Lula e, por consequência, no impeachment da presidente Dilma Rousseff, além do quase desmonte da imagem do PT. Luciano foi reeleito prefeito no PSD.

Embora não tenha feito falas contundentes contra o PT, Luciano não conseguiu fugir da avaliação que estava se distanciando de seu partido por causa da imagem associada à corrupção. Nunca suas desculpas foram aceitas pelos petistas e, no geral, sua decisão foi sempre tomada como um ato de fraqueza política.

Mas esse não foi o único problema. Enquanto prefeito, Luciano poderia ter retomado e mantido uma relação de diálogo com o PT, mesmo não sendo mais filiado. Poderia ter mantido aproximação. Todavia, ao contrário, os principais petistas que estavam em seu governo também se desfiliaram da legenda, o que acabou gerando um clima de animosidade.

Depois do fim da Lava Jata e no curso da reabilitação de Lula e do PT para a disputa das eleições de 2022, houve momentos em que dava para imaginar a possibilidade de reaproximação de Luciano com o PT. Tanto que ele escolheu se filiar ao partido para a disputa da eleição para deputado estadual. A verdade, porém, é que a reaproximação não prosperou.

O resultado das eleições, com uma baixa votação de Luciano Cartaxo para deputado estadual, descortinou a fragilidade do reencontro. O PT não apostou em Luciano, apesar de esperar que ele pudesse contribuir com a legenda com uma boa votação. Na outra direção, o resultado nas urnas fez o PT se desencantar de vez com Luciano.

Sem liga, o processo para escolha de candidato a prefeito promoveu a desintegração última. Luciano Cartaxo não conseguiu estabelecer diálogo com a maioria das correntes internas. Quando conseguiu, foi com grupos mais antigos. Atritos com o presidente estadual Jackson Macedo deterioram ainda mais o ambiente interno. Em que pese o curto histórico no PT, a deputada Cida Ramos acabou se fazendo esteio de uma suposta coerência das lutas petistas.

O desfecho desse processo talvez fosse diferente se Luciano estivesse liderando as pesquisas de intenção de voto ou disputando cabeça a cabeça com o prefeito Cícero Lucena. O patamar alcançado não foi suficiente para minimizar a desconfiança de parte a parte e impor uma decisão mais pragmática do que política, ou mais política do que ideológica.

Por que Nilvan evitou o mistério e antecipou a definição partidária?

O comunicador Nilvan Ferreira poderia ter deixado para a última hora, ou seja, a sexta-feira, 15/03, conforme havia estalecido, a escolha do Republicanos como seu novo partido político, no qual vai disputar a Prefeitura de Santa Rita. Mas antecipou no convite do evento.

Existem explicações. Não havia mais qualquer dúvida da opção. As conversas com o deputado Hugo

Motta haviam exaurido dúvidas e garantido a segurança ansiada com folga de prazo.

Além disso, Nilvan e Hugo Motta, presidente do Republicanos, parecem ter trabalhado para evitar investidas do bolsonarismo, que, desde a última quinta-feira, tenta reaglutinar suas forças na grande João Pessoa.

Outro fator para a antecipação foi o de aproveitamento do ato de anúncio da filiação em evento de propaganda política.

Um único inimigo

Nilvan Ferreira ressaltou o “pragmatismo do jovem deputado Hugo Motta” como fator para sua decisão de se filiar ao Republicanos. Um fato, no primeiro encontro, o impressionou. Direto, Hugo o teria confrontado: -Quer ser candidato com chances de ser prefeito? Se quiser, não pode fazer campanha contra 3 inimigos de uma só vez. Vai ter que escolher somente um inimigo.

Hugo se referia ao posicionamento de Nilvan de oposição aos governos federal, estadual e municipal.

Nilvan já disse que sua campanha não será nacionalizada nem estadualizada. O inimigo escolhido é o prefeito Emerson Panta.


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Josival Pereira

JOSIVAL PEREIRA, natural de Cajazeiras (PB), é jornalista, advogado e editor-responsável por seu blog pessoal.

Em sua jornada profissional, com mais de 40 anos de experiência na comunicação, atuou em várias emissoras Paraibanas, como diretor, apresentador, radialista e comentarista político.

Para além da imprensa, é membro da Academia Cajazeirense de Letras e Artes (Acal), e foi também Secretário de Comunicação de João Pessoa (2016/2020), Chefe de Gabinete e Secretário de Planejamento da Prefeitura de Cajazeiras (1993/1996).

Hoje, retorna à Rede Tambaú de Comunicação, com análises pontuais sobre o dia a dia da política nacional e paraibana.