Pastor Sérgio Queiroz vai à vitrine (Foto: MDH/Divulgação)

O pastor Sérgio Queiroz acabou surpreendendo, embora nem tanto, na comunicação que fez através das redes sociais, na manhã desta quarta-feira (21/02), sobre a decisão política que adotará nas eleições deste ano em João Pessoa. A surpresa foi o anúncio da filiação ao partido Novo. Imaginava-se, pela forma escolhida para se pronunciar (uma live), que ele poderia apenas afirmar que se absteria de participação na campanha deste ano. Queiroz não vai se abster, ou seja, vai participar da campanha, porém, não assumiu a candidatura. Esse terceiro caminho seguido também não deixou de ser uma surpresa.

Mas o que vai mesmo fazer o pastor Sérgio Queiroz a partir dessa comunicação de hoje? Vai à vitrine.

Os mais de 33 minutos de conversa de Sérgio Queiroz serviram para anunciar que a partir de agora ele vai se expor e para modelar o figurino com o qual vai aparecer na vitrine política da Capital.

A exposição terá o objetivo de permitir que ele se apresente como pré-candidato sem precisar dizer que é candidato. Será chamado para muitas entrevistas, o que já está acontecendo; deverá ter o nome incluído nas pesquisas de intenção de voto; poderá usar mais amplamente as mídias sociais de forma política, além de poder sentar à mesa das discussões para formação de possíveis alianças políticas. Ele próprio já anunciou que o convite para ser candidato a prefeito implicará numa consulta à igreja mais conhecida como Cidade Viva, da qual é um dos líderes, o que permitirá a mobilização de cerca de 10 mil fieis, uma base respeitável.

Ocorreu, então, o deslanchar de um movimento tático. O pastor Sérgio pôs seu nome para uma avaliação prévia. Poderá saber, por antecipação, qual a adesão popular ao seu nome e qual a perspectiva de adesão de outras forças políticas para alianças. Tem dois ou três meses para executar o plano. Se tudo der certo, a candidatura será formalizada. Se não, haverá sempre uma desculpa para sair pela tangente.

A roupa que o pastor Sérgio escolheu para aparecer na vitrine não traz muitas novidades, mas é composta de peças que têm dado certo em figurinos políticos no Brasil e mundo afora em eleições recentes. Sérgio Queiroz se posiciona contra o sistema político (antissistema), contra o autoritarismo partidário, defende a possibilidade de candidaturas sem filiação a partidos, prega contra a corrupção, considera que as instituições brasileiras estão tendo suas funções desvirtuadas, expõe preocupações com a pobreza e, pelo perfil natural, é ardoroso defensor da moral e dos bons costumes, além de se apresentar com o uniforme de competência pelo trabalho social que realiza.

O partido escolhido, o Novo, dará contornos ideológicos e de linha programática partidária em níveis nacional. Neste caso, o perfil deverá ser o do liberalismo mais puro. Para a gestão, a marca é mais de austeridade, embora a bandeira a ser hasteada será a de eficiência.

No geral, o pastor Sérgio sonha em resgatar o ambiente das eleições de 2022, quando predominou o espectro de direita na manifestação do eleitorado da Capital nas urnas.

Não há como não se afirmar que a postura assumida pelo pastor Sérgio deverá provocar impacto imediato no quadro eleitoral em João Pessoa mesmo sem ele assumir a condição de candidato. Tenderá a atrair, em primeiro plano, os eleitores da classe média mais conservadora. Poderá sensibilizar a razoável parcela de eleitores sempre descontente com os políticos estabelecidos. Resta saber se terá apelo na periferia. Essas conjecturas servem para indagar se as candidaturas mais afetadas serão a do deputado Ruy Carneiro ou a do prefeito Cícero Lucena. Só as próximas pesquisas dirão. De cara, porém, já é possível avaliar que a candidatura do ex-ministro Marcelo Queiroga deverá ser a mais atingida, já que está na mesma sintonia ideológica e na mesma frequência política que a de Queiroz.

O resultado das eleições para o Senado em 2022 embalam os planos do pastor. Mesmo disputando por um partido pequeno e sem estrutura, o PRTB, ele foi o mais votado em João Pessoa, obtendo 106.885 votos. Mas é preciso se observar que o caráter das eleições municipais é diferente, a conjuntura é outra, e o próprio perfil a ser apresentado pelo pastor Sérgio não é mais novo, nem único. Ele próprio já usou na eleição passada. O tal partido Novo também não é tão novo assim. Existem muitas contradições possíveis de exploração nos dois casos.

De qualquer forma, a perspectiva de candidatura do pastor Sérgio Queiroz a prefeito em João Pessoa é um fato novo.