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"Quero que saibam que sou gay e não tenho vergonha", diz Diego Hypolito

Em entrevista ao UOL, o ginasta afirmou que escondeu homossexualidade pelo sonho olímpico

Por Redação Publicado em
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Foto: Reprodução/ UOL

Com uma carreira de sucesso no esporte, medalhista olímpico, sonhador, Diego Hypolito resolveu abrir o jogo e fazer revelações sobre o fato de esconder sua sexualidade em nome do sonho de ser um ginasta campeão olímpico. Em entrevista ao Portal UOL o atleta contou detalhes do momento em que se descobriu gay até se assumir para a sociedade.

Diego conta que esse percurso foi bem difícil e o fato de ser criado em meio a uma família conservadora, com princípios religiosos fortes, tornou a situação ainda mais complexa.

"Fui criado na igreja, tenho uma tatuagem de Jesus crucificado no braço, até hoje frequento cultos da Bola de Neve todas as quintas-feiras. Eu tinha vergonha porque na minha cabeça ser gay era ser um demônio, um ser amaldiçoado que vive em pecado", disse.

O atleta disse que demorou, mas passou a compreender dua orientação sexual.

"Quando passei a entender melhor a minha sexualidade, meu maior problema sempre foi como iria contar para a minha família, relatou.

O próximo passo então seria revelar para a sua família, mas relutou, pois enxergava tudo como "mais um problema".

"A gente passava por tanta dificuldade em casa... nem sempre tinha o que comer, chegamos a ficar meses sem energia elétrica. Como é que eu ia levar mais um problema para eles?", questionou, Dyego.

Diego resolveu se manter em silêncio, visando manter suas metas no esporte vivas.

"A minha felicidade era a ginástica, então se eu não pudesse ser completo na minha vida pessoal, nem tinha tanto problema. Eu ia continuar a esconder a minha sexualidade para manter vivas as minhas aspirações no esporte", contou.

Ele contou que já foi questionado por jornalistas sobre suas sexualidade, mas não soube como lidar com a pergunta.

"Uns anos antes, durante uma entrevista, um repórter do UOL havia me perguntado se eu era gay. Essa questão vinha circulando havia algum tempo na imprensa. Eu travei, mas respondi que não. Aquilo para mim foi péssimo", disse.

Certo dia, depois de muito refletir, o atleta resolver contar para a mãe, que não recebeu a notícia muito bem.

"Estava me preparando para o Mundial da China, em 2014, quando tomei coragem para contar para a minha mãe. Não tinha coragem de falar por telefone, então, de novo, escrevi uma mensagem. Disse que a amava muito, que esperava que isso não fosse mudar a nossa relação, porque eu continuaria a amando da mesma maneira. Eu era gay. E não um demônio. Ela não recebeu muito bem de primeira", revelou.

O ginasta passou por um novo período de aprendizado, reflexão e descobrimentos.

"Foram anos e muita terapia, além da proximidade com outras pessoas gays, para que eu chegasse nesse ponto de ter a coragem de falar abertamente sobre a minha sexualidade. Acho que meu exemplo pode fazer com que muitos garotos que hoje estão sofrendo deixem de sofrer. Muitos não se aceitam como são ou não são aceitos pela família e têm pensamentos suicidas por não conseguirem corresponder às expectativas dos outros", disse.

Atualmente o jovem relata que vive sem levar em consideração o julgamento das pessoas.

"Quero que as pessoas saibam que eu sou gay e que eu não tenho vergonha disso. E não é porque eu sou que outras pessoas vão querer ser. Isso não tem nada a ver. Já vivi muitos anos pensando no julgamento que os outros fariam sobre mim. Hoje só aceito ser julgado por Deus", contou.

Diego finalizou dizendo que ser gay não o faz inferior a ninguém e não muda a essência de pessoa que ele é.

"Depois do estranhamento inicial, minha mãe me aceita como eu sou. Minha mãe me ama. E eu amo meus pais e tudo o que eles fizeram para que eu, minha irmã e meu irmão chegássemos até aqui. Não escolhi ser gay, porque ser gay não é uma escolha. É simplesmente o que eu sou, e isso não vai mudar os valores que eu tenho e que construí junto da minha família", finalizou.


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