Política

Quem é Javier Milei, presidente ultradireitista eleito na Argentina

Futuro presidente venceu disputa acirrada no segundo turno, neste domingo (19)

Publicado em 20/11/2023 07:19
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Por SBT News
Javier Milei venceu as eleições presidenciais argentinas

Javier Milei venceu as eleições presidenciais argentinas (Foto: Reprodução/Instagram @javiermilei)

Javier Milei, 52 anos, venceu as eleições presidenciais argentinas, neste domingo (19), após uma intensa disputa com o adversário Sergio Massa. O candidato da extrema-direita é alinhado a nomes como Jair Bolsonaro, no Brasil, e Donald Trump, nos Estados Unidos. Após ficar em 2º no 1º turno, Milei recebeu apoios de nomes como o ex-presidente argentino Mauricio Macri e da terceira colocada nas eleições, Patricia Bullrich.

Quem é ele?

Javier Milei é filho de um motorista de ônibus que se tornou empresário no ramo dos transportes com uma dona de casa. Ele cresceu em um lar violento, em Buenos Aires, e costuma dizer que para ele "os pais estão mortos". Devido ao contexto de agressividade doméstica, cresceu como um jovem solitário.

Estudou no Colégio Cardenal Copello, em Villa Devoto. A passagem dele por lá foi marcada por bullying. Na biografia não autorizada, o jornalista Juan Luis González afirma que Milei era "um menino retraído e calado que gostava de dançar ao melhor estilo Mick Jagger" - do Rolling Stones. No ensino superior, formou-se em em economia pela Universidade de Belgrano - onde o adversário Sergio Massa estudou direito. 

Autodeclarado "anarcocapitalista", ele é o líder da coalizão "Liberdade Avança (Libertad Avanza)", que defende ideias ultraconservadoras no social e possui postura ultraliberal na economia. Aos dezoito anos, tentou ser goleiro das categorias de base do time Chacarita Junior. "Não sou torcedor do Chacarita, mas passei a fazer parte do time profissional em 1989", declarou à rádio Urbana Play FM de Buenos Aires. 

Formação

Além da formação em economia, Milei tem dois mestrados no Instituto de Desarrollo Económico e Social (IDES) e na Universidade Torcuato di Tella. Foi economista-chefe da Máxima AFJP (empresa de previdência privada), economista-chefe do Estúdio Broda (empresa de assessoria financeira) e consultor governamental do Centro Internacional para a Arbitragem de Disputas Sobre Investimentos. Ele também era economista sênior do HSBC.

Vida política

Sua primeira ligação mais próxima com a política foi entre 1995 e 1999, quando atuou como assessor do general Antonio Bussi, governador de Tucumán, acusado de crimes "contra a humanidade". Bussi também foi eleito deputado em 1999 e governou a província entre 1976 e 1977, durante o período da ditadura militar da Argentina. 

No entanto, o novo presidente argentino passou a ganhar popularidade a partir de 2015. Na época, ele era economista-chefe da Corporação América, que controlava diversas empresas. Naquele ano, Milei começou a fazer aparições em TVs locais com diversas críticas aos governos de Cristina Kirchner, Maurício Macri e Alberto Fernández, citando gastos desenfreados como um erro dos presidentes. Então, passou a defender ideias como "dinamitar o Banco Central" para dolarizar a economia argentina. 

Com ideias radicais somadas expostas em comentários agressivos, somados ao seu visual excêntrico e perfil enérgico, Milei foi ganhando visibilidade e popularidade. Passou a mirar voos altos na política e em 2021 se candidatou a deputado nacional da Câmara dos Deputados, pelo Libertad Avanza, mas já mirava conseguir mais popularidade para se lançar à presidência. 

Ultradireita

No campo político-ideológico, o presidente eleito de extrema-direita defende posições contrárias ao aborto, mesmo em casos que a mulher tenha sido vítima de abuso sexual. Se eleito, deve acabar com o ministério da Mulher. Ele também costuma negar a existência do aquecimento global e credita, segundo ele, "a teoria à uma invenção cultural". Ele também é contrário ao movimento LGBTQIA+. 

Suas principais propostas de campanha presidencial foram a dolarização da economia em etapas, a redução dos gastos estatais e a privatização de empresas públicas. Além disso, sugere o fim das verbas rescisórias para reduzir os custos trabalhistas.

Milei é um defensor da fusão dos ministérios da Saúde e da Educação como uma forma de reduzir os gastos públicos. Além disso, ele defende um sistema de educação privado e que não seja obrigatório. Para isso, ele propõe a criação de vouchers pagos pelo governo para quem quiser estudar. Dentro do campo, ele também prevê a reforma do sistema de currículos na educação superior do país para focar na formação de engenheiros e cientistas da computação. 

Na área trabalhista, ele afirma que quer reduzir os impostos pagos por empregadores e também do salário dos trabalhadores. Ele também defende o fim das indenizações por demissões sem justa causa. 

Talvez a ideia mais polêmica de Javier Milei seja sobre a doação de órgãos. Em um programa de televisão no ano passado, ele propôs utilização de "mecanismos de mercado" para resolver o problema sobre transplantes de órgãos.


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