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Pesquisadores da Ufal apontam composto de petróleo em marisco em AL

A descoberta tem relação com as manchas de óleo que surgiram e atingiram praias dos nove estados do Nordeste e dois do Sudeste em 2019

Por Redação Publicado em
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Foto: Carlos Ezequiel Vannoni/Agência Pixel/Estadão Conteúdo Foto: Carlos Ezequiel Vannoni/Agência Pixel/Estadão Conteúdo

Uma pesquisa desenvolvida pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal) nos pescados dos litorais Sul e Norte do estado apontou compostos de petróleo no maçunim, um tipo de marisco muito utilizado na culinária alagoana.

Além do maçunim, foram colhidas para análise amostras de sururu e de dois tipos de peixes no mês de dezembro de 2019.

A descoberta tem relação com as manchas de óleo que surgiram no litoral brasileiro em agosto de 2019 e atingiram praias dos nove estados do Nordeste e dois do Sudeste (Espírito Santo e Rio de Janeiro), contaminando a fauna e a flora.

O maçunim está presente em diversos pratos típicos da região. Além de ser servido em refeições, ele é muito consumido como caldinho em bares e restaurantes em todo o estado.

Em entrevista , o doutor em ciências aquáticas da Ufal, Emerson Soares, recomendou cautela ao consumir esse tipo de alimento, já que não há proibição da pesca do maçunim.

"Pegamos 35 amostras de maçunim na região, no momento em que as praias estavam mais afetadas pelo problema. A gente encontrou cerca de 15 produtos do petróleo na composição da carne. Naquele momento, não era pra ser consumido. Entretanto, a gente sabe que naquele momento as pessoas pararam de consumir mais. Agora, há uma tendência, embora a gente precise provar com mais análises, de diminuição desses produtos na carne do maçunim", disse o pesquisador.

Soares explicou que foram colhidas cerca de 35 amostras de mariscos, considerados organismos filtrantes, e de duas espécies de peixes, carapeba e sargo, todos frutos de pesca artesanal.

"Nos peixes não foi encontrado nenhum tipo de composto derivado do petróleo. Nós avaliamos a carapeba, que é um peixe de água doce, salgada e que transita no mangue, esse tipo de peixe consome tudo o que está no fundo do mar e também não encontramos nada", afirma o pesquisador.

Nos organismos filtrantes, a situação foi diferente. Somente o sururu não estava contaminado. "No maçunim, nós encontramos uma grande quantidade dos compostos do petróleo nas praias de Feliz Deserto e Piaçabuçu. No sururu, em Coruripe, não foram encontradas contaminantes", diz.

Ainda segundo o especialista, serão repetidas essas análises a cada dois meses, durante dois anos. "Já temos a 4ª análise da água e semana que vem já iniciamos a 2ª análise do pescado. O que descobrimos é que os compostos poluentes da água diminuíram", esclarece Soares.

O professor da Universidade Federal da Bahia (UFBA) Ícaro Moreira já alertava para a contaminação do óleo na cadeia alimentar. Ele defendeu que há uma necessidade de monitoramento destes produtos alimentícios.

"Uma exposição a longo prazo, com pessoas se alimentando de peixes contaminados com estes compostos, pode provocar câncer, leucemia e doenças do sistema nervoso central", alerta Moreira.

Auxílio aos pescadores

Em outubro, o Governo Federal chegou a afirmar que estabeleceria, em caráter excepcional, períodos adicionais de restrições à pesca de camarão e lagosta, o chamado "defeso". Só que recuou da decisão alegando que testes feitos no pescado não apontam a necessidade de proibição.

Ainda assim, foi liberada aos pescadores que tiveram a atividade afetada pelas manchas de óleo uma parcela extra do seguro defeso, no valor de um salário mínimo, benefício pago a pescadores artesanais durante a restrição de pesca de algumas espécies durante a época da reprodução, como camarão, lagosta e caranguejo.

Além disso, o governo também liberou no final de 2019 um auxílio financeiro emergencial, no valor de R$ 1.996, dividido em duas parcelas de R$ 998, que também tinha objetivo de minimizar os impactos na vida de quem depende da pesca artesanal e não poderia exercer a atividade no momento.


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