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Um ano de pandemia

Órfãos da Covid-19: “Uma parte de mim morreu também”

Passados 12 meses de pandemia, o Portal T5 conversou com um paraibano que perdeu os pais para a Covid-19. Ele falou sobre a dor de perder familiares para a doença que já vitimou mais de 2,5 milhões pessoas no mundo

Por Juliana Alves Publicado em
Pais de marcelo covid
(Reprodução/Instagram @teresademarcelo)

Marcelo Júnior, de 37 anos, nunca imaginou que perderia o pai e a mãe em um intervalo de apenas nove dias. Se tornou órfão da Covid-19. Para ele, o luto se somou à dor de não poder estar perto nos últimos momentos da vida, de não poder se despedir.

Teresa Cristina era servidora pública aposentada, tinha 67 anos. Era uma mulher animada e adorava ajudar as pessoas. Marcelo de Oliveira Lima, de 70 anos, era dentista e estava na ativa. Era calmo, tranquilo e carinhoso.

Os dois, casados há 35 anos, eram o equilíbrio um do outro. “Viviam grudados”. Amavam sair juntos e ouvir música ao vivo em barzinhos de João Pessoa (PB), cidade onde moravam. Aos sábados, o destino era o mesmo. Tinham até mesa reservada nos finais de semana.

Marcelo e Teresa sonhavam em se tornarem avós e planejavam viajar juntos no final do ano.

A doença

Teresa Cristina testou positivo para a Covid no dia 21 de janeiro. Marcelo teve o diagnóstico confirmado no dia 23 do mesmo mês. Por recomendação médica, no dia 26, se internaram em um hospital de João Pessoa. Por causa das complicações causadas pela doença, eles foram transferidos juntos para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) no dia 28.

Marcelo morreu no dia 2 de fevereiro. Teresa não soube da morte do marido e, nove dias depois, também não resistiu e faleceu em decorrência da Covid-19.

O luto

Marcelo e Teresa eram os pais de um único filho, Marcelo Júnior – que hoje vive o luto em dose dupla. “Pra mim é duro. Eles eram tudo, tudo”.

Dias antes de perder os pais para a Covid, Júnior compartilhou nas redes sociais pedidos de orações. Até onde pôde, estava junto: “Eu me internei junto com eles, não estava com covid, mas me internei pra ficar cuidando deles. Ficamos num quarto só, nós três”

“Eu sinto que uma parte de mim morreu também”, declarou.

Hoje, pouco mais de um mês da morte dos pais, Júnior contou ao Portal T5 que o exemplo e as boas lembranças vão ficar para o resto da vida. “Tudo o que eu fiz e fui, o profissional que eu me tornei, foi por eles. Pra dar orgulho para eles”.

Marcelo disse ainda que os pais “contavam os dias” para serem imunizados conta a Covid-19 e faziam planos de como seria a vida pós-vacina.

“Se cuidem para não ‘sentir na pele’ o que eu passei, não é brincadeira”, finalizou Marcelo, órfão de pai e mãe pela Covid-19.

Inumeráveis histórias

O luto causado pelo novo coronavírus tem o rosto das famílias de centenas de milhares de brasileiros.

Em pouco mais de um ano de pandemia, o Brasil vive o pior momento da crise sanitária causada pela covid-19. Quebrando os próprios recordes nos últimos dias, e se tornando o epicentro da pandemia no mundo, o país alcançou, na última quarta-feira (17) um novo recorde: foram 2.798 mortes pelo novo coronavírus em 24 horas.

Até o momento, mais de 285 mil brasileiros e brasileiras se tornaram vítimas da Covid-19. Na Paraíba, conforme dados oficiais divulgados em 16 de março, o número de mortes superou 5 mil.


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