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Igualdade racial

Exposição polêmica transforma personalidades brancas em negros

Revoltados, diversos internautas criticaram a proposta do trabalho e disseram que ele é "desfavorável" à causa negra

Por Redação Publicado em
Lorasexposicao

Uma exposição que transformou celebridades e figuras políticas brancas em negras tem provocado polêmica nas redes sociais.

Concebida pela artista e ex-consulesa da França no Brasil, Alexandra Loras, a mostra Pourquoi pas? ("Por que não?", em português) abriu um novo debate sobre o "blackface" nas artes. A prática, que teve início nos teatros do século XIX, consiste na pintura do rosto de pessoas brancas para interpretar negros, de maneira estereotipada.

A polêmica começou no último sábado (25), depois de Loras postar no Instagram algumas das imagens manipuladas das 20 celebridades selecionadas por ela. Dentre as figuras que tiveram a pele escurecida digitalmente estão Xuva. João Dória, Jô Soares, Gisele Budchen e Dilma Rousseff.

Revoltados, diversos internautas criticaram a proposta do trabalho e disseram que ele é "desfavorável" à causa negra.Loras, que é negra, se defendeu dos ataques com um texto reproduzido em todas as imagens que publicou:

"Em sua origem, o blackface é uma técnica de maquiagem teatral adotada no século 19 por atores brancos americanos que pintavam seus rostos com carvão para representar os negros de forma estereotipada e jocosa. Em momento algum essa antiga prática norteou a concepção das obras da minha exposição, que será inaugurada no dia 2 de dezembro. Como artista negra, meu objetivo é fazer uma reflexão sobre o protagonismo do negro na sociedade brasileira sem dar qualquer conotação pejorativa aos personagens retratados, mas sim mostrar como o eurocentrismo atual é chocante e absurdo para os negros, pois não somos representados de maneira digna, respeitosa e igualitária. Ao propor um mundo “invertido”, com negros em papéis de destaque na sociedade, me pergunto se faríamos os mesmos comentários preconceituosos ou se teríamos as mesmas posturas. Meu desejo é provocar uma reflexão e não resgatar uma ferramenta considerada racista e que ridiculariza o negro".

Na imagem da ex-presidente Dilma, uma usuária comentou: “Black face não é homenagem, não é bonito, e não tem chance de ressignificá-lo. Estude um pouco mais pra entender por que pessoas negras não chegam nesses casos citados por sua ‘obra’, e como não muda nada pintar pessoas brancas de preto”.

Mesmo com a defesa, alguns usuários perguntam por que Loras não utilizou imagens de figuras negras em destaque. A exposição Pourquoi pas? acontece entre os dias 2 e 22 de dezembro na galeria Rabieh, em São Paulo.

Sabíamos que esta exposição poderia incomodar. Mas a arte seria ainda arte se ela fizesse unanimidade e não causasse  debate? Uma das funções da arte não é ter um impacto na sociedade, questionando algumas regras sociais,  e quebrando os códigos atuais? Os artistas Matisse, Derain e Vlaminck foram vaiados e causaram escândalo no Salão de Outono de Paris em 1905. Depois dessa repulsa, o "Fauvismo" foi criado e se tornou um dos principais movimentos da pintura do século XX. Com o nosso titulo "Pourquoi pas?" nós obviamente não pretendemos mudar o curso da arte no século XXI. Como já dissemos, a nossa intenção é de estimular o debate e o questionamento na nossa sociedade atual. Por consequência,  respeitaremos todas as opiniões que foram ou serão formuladas, por mais duras que sejam. Algumas criticas vêm até das grandes figuras da comunidade negra por  quem temos respeito e admiração. Esses pontos de vista nutrem esse debate que consideramos indispensável e saudável. Referente a critica de fazer "black face" nesta exposição, achamos que se tiver blackface, nao esta nos retratos dessas celebridades brancas com pele negra, mas muito mais no olhar de uma parte da sociedade, que ve nestes retratos primeiramente (ou unicamente) a cor negra ou ainda pior uma caricatura de negro. Algumas reações abrasivas sugerem que os brancos não são os únicos em questão ...

Uma publicação compartilhada por Afrogram blackstagram (@alexandraloras) em Nov 27, 2017 às 11:59 PST

Correio 24h


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