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Segunda Temporada

Crises no casamento e no império atormentam Elizabeth na volta de The Crown

Assim como a temporada de estreia, a nova traz episódios que funcionam de forma mais independente em relação ao resto da trama.

Por Redação Publicado em
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Exatamente uma semana antes do anúncio do noivado do Príncipe Harry com a atriz Meghan Markle tomar as manchetes do mundo todo, a família real britânica comemorou outra ocasião matrimonial: o aniversário de 70 anos de casamento entre a rainha Elizabeth 2ª e o príncipe Phillip. A união é a mais longeva de um monarca na história do Reino Unido, e, coincidência ou não, é sobre ela que se debruça a maior parte da segunda temporada de “The Crown”, que chega à Netflix nesta sexta-feira (8).

Uma tensa discussão entre a monarca e o consorte, ambos aprisionados no conflito entre a Coroa e a vida pessoal, dá o pontapé nos novos episódios. É o prenúncio da ideia central da temporada: embora tenha passado a fase de adaptação de Elizabeth (e Phillip) ao trono, os conflitos só se aprofundam – e não apenas entre o casal.

Nos dez episódios, que vão de 1956 a 1964, a rainha tem de lidar com a crise do Canal de Suez, o troca-troca de primeiros-ministros e os (inevitáveis) ataques ao tradicionalismo da monarquia – sinais concretos de que os tempos mudaram –, mais tarde encarnados na visita do presidente americano John F. Kennedy (Michael C. Hall) e sua mulher, Jackie (Jodi Balfour). O passado também volta para assombrar Elizabeth na forma de seu tio, o rei Edward, que abdicou do trono para se casar com a divorciada americana Wallis Simpson.

Assim como a temporada de estreia, a nova traz episódios que funcionam de forma mais independente em relação ao resto da trama. Todos são TV de altíssima qualidade, mas alguns se destacam mais, como o que acompanha a ida de um príncipe Charles adolescente para a escola escocesa linha-dura onde seu pai estudou no ensino médio. A história faz o espectador simpatizar com Charles, hoje uma figura não exatamente muito querida do grande público, e humaniza Phillip, que tem parte de sua juventude contada por meio de flashbacks.

Conseguir humanizar as figuras de uma família tão inacessível, aliás, segue sendo o maior mérito da produção. A escrita elegante do criador Peter Morgan (“A Rainha”) contribui muito para isso – a maior força, no entanto, está em seu elenco.

Claire Foy brilha, mais uma vez, com uma Elizabeth profundamente falha, humana e, acima de tudo, com a qual as pessoas podem se identificar. Como qualquer um, ela sente raiva, decepção, medo e não gosta de ser contrariada. A diferença é que, na maior parte do tempo, ela precisa esconder tudo isso. Foy consegue captar essas nuances com perfeição; em fração de segundos, uma mudança quase imperceptível em seu olhar ou em seus lábios deixa à mostra os verdadeiros sentimentos da rainha. Vai ser difícil não sentir falta dela na terceira temporada, mesmo que sua substituta seja a também ótima Olivia Collman.

Foy está cercada por colegas igualmente talentosos. Matt Smith, como o relutante Phillip, ganha mais tempo de destaque para explorar a ambiguidade do príncipe, adepto de um estilo de vida um pouco, digamos, hedonista, mas ainda ciente de seu papel na família real. Vanessa Kirby, mais uma vez, rouba a cena como a princesa Margareth, irmã mais nova de Elizabeth. Rebelde e de coração partido, ela vive uma vida de noitadas quando conhece o fotógrafo Anthony Armstrong-Jones (Matthew Goode), responsável por alguns dos (raros) momentos sensuais da produção.

Dirigida por diretores como Stephen Daldry, “The Crown” continua sendo uma das mais belas produções da televisão (e poderia até estar nas telas grandes).  Do figurino aos cenários, tudo é impecável, fazendo jus aos 100 milhões de libras que a Netflix, segundo estimativas, investiu na série. Um espetáculo que merece ser visto.

Fonte: Uol


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