Tecnologia desenvolvida na UFPB permite reutilização de baterias de veículos eletrificados
Solução usa Inteligência Artificial e já alcançou nível de maturidade tecnológica TRL 5
Baterias de veículos eletrificados passaram a ganhar nova função a partir de uma tecnologia desenvolvida na UFPB, em João Pessoa. A iniciativa, criada no Centro de Energias Alternativas e Renováveis, responde à demanda por soluções que reduzam impactos ambientais provocados pelo descarte desses componentes, rejeitados quando atingem 80% da capacidade de carga.
O crescimento da eletromobilidade no país, indicado pelo Balanço Energético Nacional 2025, mostra que o Brasil saltou de 1,9 mil veículos eletrificados licenciados em 2020 para mais de 215 mil em 2024. Esse avanço gerou a necessidade de alternativas para o destino das baterias, como explicou o pesquisador Oswaldo Hideo Júnior, que identificou potencial de reaproveitamento para aplicações estacionárias e industriais.
O docente coordena o GPEnSE, grupo responsável pelos primeiros protótipos de baterias de segundo uso, montadas com células que ainda mantêm capacidade de operação mesmo após deixarem de atender aos padrões exigidos pelo setor de transportes. Segundo ele, esse tipo de bateria pode custar até 50% menos que uma nova e contribuir para redução de emissão de gases ao prolongar o ciclo do carbono.
O desenvolvimento dos protótipos foi possível após a criação do software “Battery Digital Shadow”, registrado neste mês no INPI. A ferramenta, desenvolvida por Oswaldo Hideo, Giovane Ronei Sylvestrin e Joylan Nunes Maciel, utiliza Inteligência Artificial para classificar células que ainda podem ser reaproveitadas. A análise considera poucos ciclos de carga para projetar o desempenho futuro da unidade.
As células rejeitadas seguem para descarte ou reciclagem, enquanto as aprovadas são destinadas a aplicações como armazenamento de energia solar durante a noite, operação como no-break ou alimentação de motores elétricos de empilhadeiras.
A tecnologia já está classificada como TRL 5, com protótipo funcional validado em laboratório, e pode chegar ao mercado em até dois anos, caso sejam firmadas parcerias com empresas para ampliar o nível de maturidade tecnológica. O próximo passo será a integração com baterias em campo, para avaliação em operação contínua.
A Agência UFPB de Inovação Tecnológica (Inova) acompanha o processo de proteção intelectual e articula negociações para licenciamento. O diretor de Transferência Tecnológica, José Bezerra, informou que a universidade está aberta a propostas de empresas interessadas em aplicar a solução. Contatos podem ser enviados para [email protected].



