Paraíba realiza sua primeira cirurgia de redesignação sexual neste sábado (29)
A entrevista com os profissionais foi exibida na edição desta sexta-feira (28) do programa Com Você, da TH+ SBT Tambaú
A Paraíba dará um passo inédito na área da saúde e dos direitos humanos neste sábado (29), quando será realizada a primeira cirurgia de redesignação sexual do estado. O procedimento, considerado um marco histórico para a população trans paraibana, será realizado pelos cirurgiões plásticos Dr. João Pedro Lacerda e Dra. Olga Maria Mariz. A entrevista com os profissionais foi exibida na edição desta sexta-feira (28) do programa Com Você, da TH+ SBT Tambaú.
Segundo os cirurgiões, apesar de a redesignação sexual ser um direito garantido por lei, o acesso ao procedimento ainda é restrito no estado. Atualmente, a rede SUS na Paraíba não oferece esse tipo de cirurgia, o que torna o caso deste sábado ainda mais simbólico. A paciente será atendida por meio de convênio médico, modalidade que também representa um avanço no acesso ao processo de afirmação de gênero.
“É um momento histórico. Apesar de ser um direito assegurado, ainda existe muita dificuldade de acesso. Agora, a população trans da Paraíba sabe que poderá realizar a cirurgia aqui, no seu próprio estado”, afirmou Dr. João Pedro Lacerda.
A cirurgia de redesignação sexual feminina — indicada para pessoas que nasceram com órgão sexual masculino, mas se identificam como mulheres — é um procedimento complexo e cercado de mitos. A Dra. Olga Maria explicou que a cirurgia consiste na criação de uma neovagina, construída a partir de tecidos do próprio corpo da paciente.
O procedimento envolve:
- Confecção do canal vaginal entre o reto e a bexiga;
- Retirada dos testículos, interrompendo a produção de testosterona;
- Revestimento do novo canal com a pele que antes recobria o pênis;
- Transformação da glande em neoclítoris, preservando sensibilidade;
- Redução e reposicionamento da uretra;
- Modelagem da genitália externa, para que se assemelhe à de uma mulher cis.
A equipe destacou que o processo é funcional e não apenas estético. Após a cirurgia, a paciente precisará de acompanhamento clínico contínuo e de um período de pelo menos seis meses para cicatrização completa e retomada das atividades sexuais.
Os profissionais lembram que a redesignação sexual não acontece de forma imediata. Antes de chegar à mesa de cirurgia, a paciente deve apresentar histórico de acompanhamento multidisciplinar, incluindo endocrinologista, psicólogo e psiquiatra, além de tempo mínimo de vivência real no gênero com o qual se identifica.
“É um processo longo, construído com responsabilidade, cuidado e acompanhamento”, explicou Dra. Olga Maria.
Os cirurgiões revelaram que a formação da equipe enfrentou desafios, especialmente pela escassez de profissionais capacitados e pela resistência de parte da classe médica em atuar com a população trans. “Ainda enfrentamos preconceito, questões pessoais e até religiosas de alguns profissionais que não querem trabalhar com esse público. Mas seguimos estruturando a equipe e vamos crescer ainda mais”, afirmou Dr. João.
Apesar dos obstáculos, a cirurgia será realizada por uma equipe que, além de experiente, tem ligação especial: os cirurgiões são irmãos, o que chamou atenção durante a entrevista. O fato emocionou a apresentadora e reforçou o simbolismo do momento.
O procedimento entrará para a história da medicina no estado. “No dia 29 de novembro de 2025, será registrada a primeira cirurgia de redesignação sexual realizada na Paraíba”, destacou a apresentadora durante o programa.
A expectativa é que o avanço estimule a criação de serviços especializados, ampliando o acesso ao atendimento integral para pessoas trans na rede pública e privada.
Para os profissionais envolvidos, além do impacto médico, o momento representa uma vitória no campo dos direitos humanos, da dignidade e do acolhimento. “É direito das pessoas serem quem desejam ser. Nosso papel é garantir isso com responsabilidade, respeito e informação de qualidade”, concluiu a apresentadora.
A equipe médica deverá divulgar atualizações sobre o procedimento em suas redes sociais.



