Projeto em Gramame transforma tradições afro-brasileiras em ferramentas de educação e identidade
Fundada pela professora baiana Maria dos Anjos Mendes, a Mestre Docí, a Escola Viva Olho do Tempo atende 150 crianças e adolescentes de 6 a 17 anos
A Escola Viva Olho do Tempo, localizada no bairro de Gramame, em João Pessoa, é um projeto que preserva a cultura afro-brasileira através de atividades como canto, contação de histórias e celebração da memória que atravessam gerações. Fundada pela professora baiana Maria dos Anjos Mendes, a Mestre Docí, o projeto atende 150 crianças e adolescentes e fortalece o sentimento de pertencimento às raízes afrodescendentes e promove a conscientização sobre a ancestralidade.
Na escola, os educadores são os griôs, figuras da tradição africana que detêm e perpetuam as histórias. Mestres da oralidade, eles ensinam através da música, do toque, da evocação das origens, mantendo viva a história de um povo. Os jovens aprendizes também integram esse ciclo, participando ativamente da construção e da preservação desse legado.
"Os griôs, na África, eles são os guardiões da memória. Aqui no território Vale do Gramame, eles são o guardião dessa memória cultural. E a gente faz relação com essa pedagogia griô, que é essa pedagogia que desenvolve esse saber dentro da roda. Então, a gente potencializa isso também quando a gente chega nas escolas e deixa fixo e guardado que a educação precisa construir esse caminho com os fazedores de cultura, com os griôs, que são as pessoas que detêm essa memória, que são os guardiões dessa memória", explicou Penhinha Teixeira, coordenadora pedagógica do projeto.
A Escola Viva Olho do Tempo funciona como um espaço comunitário construído e sustentado pelos próprios moradores, onde a cultura afro-brasileira é vivenciada diariamente. O projeto, totalmente gratuito, atende 150 crianças e adolescentes de 6 a 17 anos, oferecendo atividades que vão além do ensino tradicional, com instrumentos musicais, vivências culturais e práticas que reforçam o sentimento de pertencimento e a consciência da ancestralidade. No local, os jovens aprendem sobre suas raízes, história e identidade, em um ambiente que integra arte, cultura, meio ambiente e memória.
"Essa escola é um lugar onde eu ensino essas crianças que viver é preciso, que o afeto é preciso. Quando está com a barriguinha cheia, é delícia. Mas se eu não tenho esse abraço, esse aconchego, eu não fiz nada, não fiz nada na vida", declarou a Mestre Docí.



