Grande João Pessoa registra dois casos de afogamentos de crianças em piscinas em 24h
O caso mais recente ocorreu nesta sexta-feira (14), no bairro José Américo, na capital paraibana
Dois episódios de afogamento envolvendo crianças, registrados na Região Metropolitana de João Pessoa, acenderam um importante sinal de alerta sobre a necessidade de supervisão constante em ambientes com piscina, sobretudo em residências.
O caso mais recente ocorreu nesta sexta-feira (14), no bairro José Américo, na capital paraibana. Uma criança de 4 anos foi encontrada submersa na piscina da própria casa cerca de uma hora antes da chegada do atendimento médico. Segundo um vizinho, que percebeu a situação, ele conseguiu realizar manobras de reanimação até a chegada do Samu.
A vítima foi socorrida rapidamente e encaminhada para uma unidade hospitalar, onde permanece estável, mas ainda sob observação médica devido à gravidade do episódio.
Na noite anterior, em Santa Rita, um bebê de 1 ano também caiu na piscina da residência da família e sofreu afogamento. O acidente ocorreu por volta das 17h, quando a criança brincava próximo à água. Ao perceberem o desaparecimento, familiares encontraram o bebê na piscina e pediram ajuda imediatamente, acionando o Samu para o socorro.
Os dois casos, ocorridos em menos de 24 horas, reforçam a importância da vigilância contínua em locais com acesso à água. Especialistas lembram que episódios de afogamento podem ocorrer em silêncio e em questão de segundos, tornando essencial que crianças jamais fiquem desacompanhadas, mesmo em ambientes considerados seguros.
Ambientes como residências, clubes, chácaras e áreas de lazer merecem atenção redobrada, especialmente quando há grande circulação de pessoas e adultos divididos entre tarefas e conversas. Pequenos deslizes, que duram apenas 1 ou 2 minutos, podem resultar em acidentes graves e até fatais.
Os casos seguem sendo acompanhados pelas autoridades de saúde, e familiares das vítimas aguardam com esperança a recuperação completa das crianças.
De acordo com um estudo divulgado em 2024 pela Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático (Sobrasa), com base em dados de 2022, a cada 90 minutos, uma pessoa morre afogada no país. A pesquisa aponta que o afogamento é a segunda principal causa de óbito de crianças entre 1 e 4 anos e a quarta principal entre jovens de 5 a 24 anos.
O risco de morte por afogamento é significativamente maior entre os homens, que morrem, em média, seis vezes mais do que as mulheres. Além disso, cerca de 40% das mortes por afogamento ocorrem antes dos 29 anos de idade, com três crianças morrendo afogadas diariamente.
Águas Naturais e Riscos
A maior parte dos óbitos ocorre em águas naturais, como rios, lagos e represas, representando 70% das mortes. Crianças menores de 9 anos têm mais chances de se afogar em piscinas ou em residências, enquanto adolescentes e adultos correm mais risco em praias e corpos d’água naturais.
Os dados também destacam o aumento do risco durante o verão. Aproximadamente 41% dos afogamentos acontecem entre dezembro e março. As crianças que sabem nadar também estão em risco, especialmente devido à sucção de bombas em piscinas.
Afogamento: Um Problema de Saúde Pública
O afogamento é considerado um incidente, e não um simples acidente. Embora muitas mortes ocorram de forma inesperada, a prevenção é a melhor forma de tratar este problema. Estima-se que cada óbito por afogamento custe cerca de 210 mil reais ao Brasil, considerando os impactos econômicos e sociais.
Em áreas de banho sem guarda-vidas, o risco de morte por afogamento é 60 vezes maior. Além disso, a pesquisa aponta que, a cada 18 resgates realizados por guarda-vidas, 1 pessoa necessita de atendimento hospitalar, e, a cada 38 pacientes atendidos no hospital, 1 vem a óbito.
A Luta Contra a Endemia
Apesar dos números alarmantes, o Brasil tem conseguido avanços na redução das mortes por afogamento. Entre 1995 e 2022, a mortalidade por afogamento caiu 48%, o que indica progresso na conscientização e na prevenção de incidentes relacionados à água. No entanto, a região Norte do país ainda apresenta o maior risco de morte por afogamento.
Tanto o Batalhão de Busca e Salvamento do Corpo de Bombeiros da Paraíba, quanto a Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático continuam a trabalhar para aumentar a educação sobre segurança aquática e reforçar as políticas de prevenção. O Brasil ainda enfrenta um grande desafio, mas as medidas adotadas têm mostrado resultados positivos na redução dos índices de mortes por afogamento.



