Uniões consensuais ultrapassam casamentos civil e religioso na Paraíba, aponta Censo 2022
Mais de 40% das pessoas que vivem em casal no estado estão em união consensual
As uniões consensuais, aquelas em que duas pessoas vivem juntas de forma estável, mas sem registro formal em cartório ou cerimônia religiosa, tornaram-se maioria na Paraíba, ultrapassando os casamentos civil e religioso. Segundo o Censo 2022 – Nupcialidade e Família, divulgado pelo IBGE, esse tipo de união representa 40,1% das relações conjugais no estado, um crescimento de 22,1% em relação a 2010, quando o índice era de 36,2%.
O levantamento mostra que a cada dez casais paraibanos, quatro vivem juntos sem formalizar o relacionamento, enquanto 36,4% têm casamento civil e religioso, 19,7% apenas o civil e 3,7% apenas o religioso.
O IBGE explica que a união consensual inclui tanto casais que vivem em união estável reconhecida judicialmente quanto os que apenas coabitam sem registro formal. O aumento desse tipo de relação reflete mudanças culturais e econômicas, com maior valorização da convivência afetiva e da independência individual, além dos custos da formalização do casamento.
Na comparação com o restante do país, a Paraíba segue a tendência nacional, onde 38,9% das uniões são consensuais, mas ainda ocupa posição intermediária: o estado tem a 10ª menor proporção do país e a 2ª menor do Nordeste. Na região, o Amapá lidera com 62,6%, e o Nordeste registra média de 44,7%.
De 2000 a 2022, o crescimento desse tipo de união foi contínuo: na Paraíba, o índice passou de 28,1% para 40,1%. Já as uniões formais (civis e religiosas) perderam espaço. O casamento civil e religioso caiu 3,5 pontos percentuais, enquanto o religioso isolado teve redução de 24,6% no número de pessoas.
A socióloga Eliane Gomes, consultada pelo IBGE, explica que a transformação nos arranjos conjugais está ligada à autonomia feminina, à flexibilização dos modelos familiares e à valorização da convivência afetiva em detrimento da formalidade. “O casamento deixou de ser a única forma legítima de constituir uma família. Hoje, as pessoas se sentem mais livres para definir o tipo de relação que desejam viver”, observou.
O Censo também mostra que a Paraíba acompanha outra mudança nacional: o aumento de pessoas que já viveram uma união e se separaram, que passou de 14,7% em 2010 para 18,8% em 2022, a 9ª maior proporção do país.



