Produção e vendas de veículos recuam no terceiro trimestre e acendem alerta para o setor automotivo
Exportações seguem em alta e ajudam a compensar o desaquecimento do mercado interno
A produção de veículos no Brasil registrou queda de 0,8% no terceiro trimestre de 2025, em comparação com o mesmo período do ano passado, segundo dados divulgados pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). O resultado interrompe a trajetória positiva observada no primeiro semestre e levanta preocupação sobre o desempenho do setor no fechamento do ano.
O principal fator para a retração foi o segmento de veículos pesados, que apresentou queda de 9,4%, enquanto o setor de leves recuou 0,3%. Apesar disso, a marca de 2 milhões de unidades produzidas foi atingida nesta semana, e o acumulado do ano ainda registra alta de 6% em relação a 2024.
O presidente da Anfavea, Igor Calvet, afirmou que os números indicam uma perda de ritmo no setor. “Os resultados de julho a setembro nos preocupam por indicarem a perda da tração que verificamos na primeira metade do ano e nos impõem o desafio de uma recuperação considerável no último trimestre, diante de uma base muito boa do final do ano passado”, avaliou. Entre os segmentos, o de ônibus é o que apresenta melhor desempenho, com crescimento de 13,4% em relação ao ano anterior, contrastando com a queda de 3,9% na produção de caminhões.
Os emplacamentos também tiveram retração: depois de altas de 7,2% e 2,9% nos dois primeiros trimestres, o volume caiu 0,4% entre julho e setembro. O varejo de veículos nacionais acumula queda de 8,1% no ano, número que seria maior sem o programa Carro Sustentável, cujos modelos participantes registraram aumento de 24% nas vendas. Até mesmo os veículos importados tiveram ritmo menor de emplacamentos, embora os modelos chineses tenham alcançado o terceiro mês consecutivo de recorde, com mais de 18 mil registros em setembro.
As exportações seguem como o principal destaque do setor, com alta acumulada de 51,6% em relação ao mesmo período de 2024, totalizando 430,8 mil veículos exportados. O bom desempenho, no entanto, convive com incertezas externas. O fim do acordo bilateral com a Colômbia e a criação de um imposto de importação de 16,1% sobre automóveis brasileiros preocupam a indústria, já que o país é o terceiro maior destino das exportações nacionais. Além disso, a desaceleração da economia do México aumenta a dependência do mercado argentino, que apresentou crescimento de 130,6% nos embarques em nove meses.



