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Saúde mental

Saúde mental de cuidadores de pessoas neuroatípicas entra em foco no Setembro Amarelo

Especialistas alertam para sobrecarga emocional e física de familiares e responsáveis, que enfrentam altos índices de estresse e adoecimento

Por Redação T5 Publicado em
Setembro Amarelo3
Sobrecarga é apontada como um dos maiores desafios

No Setembro Amarelo, mês de valorização da vida e da saúde mental, o debate ganha destaque para além dos pacientes e alcança também quem cuida. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de um bilhão de pessoas vivem com algum transtorno psicológico no mundo, e entre os mais afetados estão os cuidadores de pessoas neuroatípicas, que lidam com uma rotina intensa e, muitas vezes, negligenciam o próprio bem-estar.

A sobrecarga é apontada como um dos maiores desafios. Cuidar envolve acompanhar terapias, estimular a autonomia, intermediar em escolas e serviços de saúde e lutar por direitos em diferentes espaços. Esse acúmulo de funções gera estresse, ansiedade, burnout e depressão. De acordo com a fonoaudióloga e pesquisadora Tatianna Wanderley, mães de crianças com autismo chegam a apresentar níveis de estresse comparáveis ao de soldados em combate.

A especialista destaca que famílias com boas redes de apoio conseguem melhores resultados no tratamento e reforça a importância de cuidar também dos responsáveis: “É essencial que os pais estejam bem, porque o equilíbrio emocional deles influencia diretamente no bem-estar das crianças”, afirma.

A maioria dos cuidadores é formada por mulheres, mães, avós e irmãs mais velhas, que precisam conciliar cuidado, trabalho e vida pessoal. Mesmo profissionais da área relatam sobrecarga física e emocional. Thaise Ribeiro, mãe de um menino autista, conta que, apesar do cansaço, sente-se realizada por proporcionar oportunidades ao filho. Já Fabiana Medeiros relata que ganhou peso e deixou de lado o autocuidado após o diagnóstico da filha. Para ela, políticas públicas específicas para os cuidadores são urgentes.

O acolhimento, segundo especialistas, deve ser permanente. Projetos como o “Cuidar de quem cuida”, relançado pela clínica Fono com Amor, buscam oferecer rodas de conversa e espaços de escuta ativa para familiares. A iniciativa é gratuita e conduzida por equipe multidisciplinar.

Tatianna Wanderley, diretora clínica da Fono com Amor e fundadora do Instituto que leva seu nome, defende que a saúde dos cuidadores seja reconhecida como prioridade: “Criamos espaços para que eles sejam ouvidos, compartilhem dores e conquistas e aprendam a olhar também para si.”



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