Alta em feminicídios, tentativas e ameaças contra mulheres gera ações de conscientização em João Pessoa
Instituição de ensino adota projetos de acolhimento e mobilização para apoiar vítimas de violência contra a mulher
O Anuário Brasileiro de Segurança Pública revelou aumento nos registros de violência contra mulheres em 2024 na Paraíba. As tentativas de feminicídio passaram de 105 casos em 2023 para 113 em 2024. Já as ameaças contra vítimas mulheres cresceram de 7.622 para 11.681 ocorrências no mesmo período. A pesquisa também aponta avanço nos casos de perseguição e violência psicológica, que subiram de 930 em 2023 para 1.414 em 2024.
A Paraíba também registrou em 2024, segundo o Anuário de Violência, um crescimento de 54,4% nos casos de estupro. De janeiro a julho de 2025, a Paraíba registrou 20 feminicídios, de acordo com o Ministério da Justiça e Segurança Pública. Já em 2024, 25 mulheres foram assassinadas na Paraíba. Ou seja, só na metade deste ano, foi registrado quase o número total de casos do ano anterior. Além de alarmantes, os números também refletem a ampliação das denúncias e maior confiança das vítimas nas instituições de segurança pública
Nesse cenário, uma instituição de ensino superior tem buscado fortalecer a rede de proteção por meio de projetos de acolhimento e conscientização. A Uninassau, em João Pessoa, criou o Espaço Seguro para orientar e encaminhar mulheres em situação de violência, com colaboradores capacitados para realizar o acolhimento adequado e indicar os serviços públicos disponíveis. Já o projeto Cadeira Vazia atua no eixo de mobilização social, colocando em cada sala de aula uma cadeira sinalizada com QR Code que simboliza uma vítima de feminicídio e direciona para informações e canais de ajuda.
O professor de Psicologia Eudes Nascimento destaca a importância da rede de apoio no enfrentamento à violência. “Mulheres em relacionamentos abusivos, mesmo percebendo os maus-tratos, encontram dificuldades para sair da situação devido à fragilidade e falta de suporte, tornando essencial ter a ajuda de amigos, familiares ou colegas para se sentirem fortalecidas. É responsabilidade de toda a sociedade combater essa violência e acolher sem preconceitos, compreendendo que elas não escolhem estar em uma relação abusiva, pois são vítimas”, afirma.
As ações acontecem especialmente no Agosto Lilás que é uma iniciativa criada pelo governo brasileiro em 2022, que transforma o mês de agosto em um período de conscientização sobre a violência contra a mulher. A escolha do mês se deve à sanção da Lei Maria da Penha (Lei Federal nº 11.340/2006), que é um marco na luta contra a violência doméstica e familiar.
De acordo com o Ligue 180, na Paraíba houve aumento de 30,7% nas denúncias até julho de 2024. A elevação está ligada à maior visibilidade de campanhas e ao fortalecimento dos canais de atendimento. Além do 180, as vítimas podem recorrer de forma gratuita e sigilosa à Polícia Militar (190), às Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (DEAMs) e à Patrulha Maria da Penha.



