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Gilberto Gil cobra retratação de padre investigado por intolerância religiosa na Paraíba

As falas, consideradas preconceituosas por entidades religiosas, motivaram a abertura de um inquérito policial por intolerância religiosa e geraram ampla repercussão nacional

Por Carlos Rocha Publicado em
Gil foi ministro da Cultura entre 2003 e 2008
Gilberto Gil cobra retratação de padre investigado por intolerância religiosa na Paraíba (Foto: Divulgação/Instagram @gilbertogil)

O cantor Gilberto Gil enviou, nesta quinta-feira (14), uma notificação extrajudicial à Diocese de Campina Grande e ao padre Danilo César, pároco de Areial (PB), em razão de declarações feitas durante uma missa sobre a morte da cantora Preta Gil e sobre religiões de matriz africana. As falas, consideradas preconceituosas por entidades religiosas, motivaram a abertura de um inquérito policial por intolerância religiosa e geraram ampla repercussão nacional.

No documento, Gil exige que o padre faça uma retratação pública no mesmo canal em que a celebração foi transmitida. O cantor ressalta que já se passaram mais de 15 dias sem qualquer manifestação formal de desculpas à família. Ele também solicita que a Igreja adote medidas disciplinares contra o sacerdote no prazo de dez dias úteis.

A notificação sustenta que as declarações configuram violação à liberdade religiosa, crime previsto no Código Penal, com pena de dois a cinco anos. Para a equipe jurídica do artista, a fala representou “grave desrespeito” ao momento de luto e à memória de Preta Gil, além de poder estimular a intolerância entre fiéis.

Em nota, a Diocese de Campina Grande afirmou que o padre Danilo César prestará esclarecimentos às autoridades. A reportagem não conseguiu contato com o sacerdote.

O episódio ocorreu no dia 27 de julho, durante a homilia do 17º Domingo do Tempo Comum. Ao refletir sobre pedidos a Deus que não são atendidos, o padre citou a morte de Preta Gil, questionando “cadê esses orixás que não ressuscitaram Preta Gil?” e classificando as religiões de matriz africana como “forças ocultas”. Ele também teria afirmado desejar que “o diabo levasse” seus praticantes.

As declarações foram denunciadas pela Associação Cultural de Umbanda, Candomblé e Jurema Mãe Anália Maria, que registrou o primeiro boletim de ocorrência por intolerância religiosa. Outros dois boletins foram feitos pelo mesmo motivo. Segundo a Polícia Civil, testemunhas já estão sendo ouvidas e o padre também será interrogado. O prazo para conclusão do inquérito é de 30 dias, podendo ser prorrogado.



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