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440 anos de João Pessoa

“18 Andares” é símbolo da história e da verticalização de João Pessoa

Conhecido como primeiro arranha-céu da capital, o edifício Presidente João Pessoa guarda memórias afetivas

Por Redação T5 Publicado em
18 andares Foto dronandojp
Edifício marca a transição urbanística da cidade (Foto: Instagram/Dronandojp)

No dia em que João Pessoa comemora 440 anos de fundação, um dos prédios mais icônicos do Centro Histórico se destaca: o popularmente conhecido “18 Andares” e oficialmente batizado como Condomínio Presidente João Pessoa. Localizado na Avenida General Osório, o edifício é um marco não apenas pela altura, mas pelo papel simbólico que desempenha na urbanização e na memória afetiva da capital paraibana.

O local já foi referência de moradia e convivência, reunindo famílias, histórias e transformações urbanas desde a década de 1960.

Memória viva no alto da cidade

Entre os moradores que construíram uma relação de longa data com o prédio está Ana Lúcia, atual subsíndica do condomínio. Ela conheceu o edifício ainda na adolescência, antes mesmo de se mudar para lá, e guarda lembranças marcantes da juventude vivida entre os andares e a vizinhança da região. “Foi um sonho! A cidade era diferente. Todas as famílias moravam nessa rua, a primeira da cidade. Os jovens se reuniam aos domingos para as missas, para as paqueras (que eram boas, né?)”, lembrou Ana, em tom nostálgico. “Era um prédio que respirava tradição, família, proximidade. A gente fazia os ‘assustados’, os aniversários de 15 anos, que era padrão da época. Tudo isso fez parte do meu crescimento, fortaleceu os laços com todo o pessoal daqui”, completou.

Ela também lembrou da Festa das Neves, que tomava conta da Avenida General Osório, bem em frente ao prédio, integrando o calendário festivo da cidade com manifestações religiosas e profanas. “A festa acontecia na calçada da Basílica. Toda a rua era tomada pelas famílias. Era uma maravilha! Os shows, palanques, pavilhões, os famosos ‘bilhetinhos’... Quando a gente lembra, parece que revive aqueles dias”, disse.

Do chão de barro à verticalização

Para além das lembranças pessoais, o prédio é um marco de um processo maior: o da verticalização de João Pessoa. Segundo o historiador Ângelo Emílio, o edifício representa a passagem de uma cidade interiorana e horizontal para uma metrópole em crescimento. “Se olharmos esse prédio dentro do contexto da cidade, é como se estivéssemos diante de um sítio histórico a céu aberto. Vários momentos da história estão registrados aqui, tanto nas construções quanto nas pessoas”, analisou. “Daqui, olhando a paisagem, a gente percebe essa divisão. A cidade antiga e baixa de um lado; do outro, a cidade nova e vertical. A Lagoa é quase uma fronteira simbólica entre esses dois mundos”, completou.

Segundo ele, ruas como a Avenida Getúlio Vargas, com o traçado largo, já anunciavam uma nova forma de vida urbana, pensada para carros e grandes edifícios, em contraste com o centro histórico, planejado para carroças e pedestres.

João Pessoa: onde tudo começou

O historiador também destacou o papel da capital como ponto de partida para a colonização da Paraíba. “Estamos bem no ponto inicial: com o rio Paraíba diante dos nossos olhos”, disse. “No final do século XVI, essa era uma terra dos potiguaras. Os portugueses queriam colonizar, e o estuário do rio era o cenário da disputa. As guerras da colonização não se resolvem só no dia 5 de agosto de 1585. Elas começaram antes, se espalharam por Mamanguape, Serra da Raiz. Já havia uma relação entre a capital e o interior, uma conexão histórica e dinâmica”, explicou.

Ele ainda ressaltou que não se pode compreender João Pessoa sem conhecer as raízes econômicas da região, marcadas pelos antigos engenhos de açúcar da várzea do rio Paraíba, onde hoje estão cidades como Santa Rita, Bayeux e Cruz do Espírito Santo.

Cidade que guarda e se transforma

De volta à varanda do prédio, a vista segue imponente, agora misturando telhados históricos e arranha-céus modernos. O “18 Andares” continua de pé, testemunhando transformações e renovando histórias. “A cidade acolhia a todos. Era uma vivência que ficou na memória e no coração de todos que viveram essa época”, afirmou Ana Lúcia. “E o prédio também evoluiu. Ao longo dos anos, recebeu investimentos, melhorias... O síndico atual tem feito muito por aqui. Tudo isso contribui para que esse local continue crescendo e criando novas histórias que também ficarão guardadas para sempre”, disse.



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