Mais de 3 mil idosos deram entrada no Trauma-JP por quedas no primeiro semestre
Casos representam quase um terço das ocorrências do tipo
O Hospital Estadual de Emergência e Trauma Senador Humberto Lucena, em João Pessoa, registrou 3.013 atendimentos a pessoas com 60 anos ou mais vítimas de quedas entre janeiro e junho de 2025. O número corresponde a 32% dos 9.399 atendimentos por esse tipo de ocorrência realizados pela unidade no período, o que evidencia a importância de medidas de prevenção, sobretudo no ambiente doméstico.
De acordo com o diretor-geral do hospital, Laecio Bragante, a atenção ao idoso vai além do atendimento emergencial. Segundo ele, o compromisso da equipe é garantir acolhimento desde a entrada até o momento da alta, com orientações que visam evitar novas quedas. A maior parte dos casos foi registrada entre pessoas de 60 a 69 anos, seguidas pelas faixas de 70 a 79 e de 80 a 89 anos. O dado está alinhado ao alerta da Organização Mundial da Saúde (OMS), que estima que cerca de 30% dos idosos sofrem pelo menos uma queda por ano.
Referência em traumatologia na Paraíba, o Hospital de Trauma conta, desde 2020, com o Centro de Assistência Avançada em Traumatologia do Idoso (CAATI), que reúne equipe multidisciplinar capacitada e protocolos específicos para diagnóstico, tratamento e reabilitação de pessoas idosas. O clínico geral do centro, Elinaldo Leite, destaca que as quedas podem ter causas variadas, desde escorregões até alterações cognitivas, e defende que fatores clínicos e sociais também devem ser levados em consideração. Segundo ele, pequenas mudanças no ambiente podem evitar acidentes graves.
Casos como o do aposentado Sebastião Lima, de 74 anos, ilustram os riscos existentes dentro de casa. Ele caiu ao tropeçar em um tapete solto e, após o acidente, retirou todos os tapetes para prevenir novas quedas. Já Maria Aparecida, de 68 anos, relatou que escorregou na escada após uma tontura. Desde então, passou a usar calçados de borracha e a se apoiar sempre em corrimãos.
O diretor Laecio Bragante reforça que a participação da família é essencial para a segurança dos idosos, com ações simples como a instalação de corrimãos, remoção de obstáculos e melhoria na iluminação. Ele também alerta para os efeitos negativos da imobilização prolongada como forma de prevenção. Segundo o diretor, restringir o idoso ao leito pode levar à atrofia muscular e perda de autonomia. O ideal, segundo ele, é garantir o acompanhamento necessário para que o idoso se movimente com segurança.
O hospital também orienta a população sobre como agir em caso de queda. É importante manter a calma, não tentar levantar a vítima bruscamente e observar sinais de dor intensa, sangramentos ou dificuldade de locomoção. Situações mais graves devem ser encaminhadas ao SAMU (192). A instituição reforça ainda que ações simples no dia a dia, como retirar tapetes soltos, usar calçados adequados, instalar corrimãos e melhorar a iluminação, contribuem significativamente para reduzir os riscos de acidentes.



