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Paraíba ocupa 4º lugar em mortes no trânsito no país, dizem autoridades

Estado supera Pernambuco, que tem população e frota maiores

Por Redação T5 Publicado em
Acidentes no transito
Especialistas alertam para alta mortalidade no trânsito, especialmente entre motociclistas

A Paraíba ocupa atualmente a quarta posição entre os estados com mais mortes no trânsito no Brasil, segundo dados apresentados pelo Tenente Coronel Lucas, comandante do BPTran-PB, durante entrevista ao programa Conexão Clube Tambaú, na Rádio Clube FM, nesta sexta-feira (25). A gerente executiva de Educação para o Trânsito do Detran-PB, Ariana Nogueira, também participou do debate e reforçou que para cada pessoa morta em acidentes de trânsito no estado, outras três ficam com sequelas permanentes, segundo levantamento recente do Hospital de Trauma.

De acordo com o coronel, a situação é mais grave do que em estados com população e frota maiores, como Pernambuco, que possui cerca de 9 milhões de habitantes. “A cada dois dias, cinco pessoas perdem a vida no trânsito na Paraíba. Desses, 75% são motociclistas. É uma tragédia que precisa ser tratada com a seriedade que merece”, declarou.

Ainda segundo Lucas, em 2023 foram registradas 859 mortes no trânsito no estado, das quais 610 foram de motociclistas. “Temos uma verdadeira guerra nas ruas. Não é exagero. Em algumas regiões do estado, já morre mais gente no trânsito do que por homicídios”, destacou.

A fiscalização é um dos pilares da atuação do BPTran, mas o comandante ressaltou a importância da educação para a mudança de comportamento. “Muita gente reclama quando é notificada, mas esquece que não ter habilitação ou conduzir com imprudência são atos que colocam outras vidas em risco. O nosso trabalho não é para atrapalhar o cidadão, é para preservar vidas”, pontuou.

Entre os casos citados, o comandante relembrou o acidente fatal ocorrido recentemente no bairro José Américo, em João Pessoa, causado por um condutor embriagado, com habilitação cassada e reincidente em infrações. “Ele havia sido notificado meses antes e foi ao batalhão reclamar da autuação. No dia do acidente, se negou a fazer o teste do bafômetro e levava uma garrafa de uísque no carro. Matou uma mulher que ia trabalhar, uma cabeleireira de 37 anos. Essa pessoa não poderia estar dirigindo.”

Ariana Nogueira destacou que a formação para o trânsito começa na infância e não apenas no momento em que se tira a habilitação. “É preciso construir uma nova mentalidade social. O trânsito não é feito só por motoristas, mas por pedestres, ciclistas e crianças que já fazem parte desse contexto. É na escola e em casa que a consciência começa a ser moldada”, afirmou.

Ela também alertou para a falta de uso do cinto de segurança por passageiros no banco traseiro. “Em blitzes recentes, identificamos que 90% das pessoas que estão atrás em veículos de aplicativo não usam o cinto. Isso também mata. No acidente citado pelo coronel, a vítima foi arremessada porque estava sem cinto. Se estivesse presa, estaria viva.”

A gerente do Detran ainda mencionou que o uso do capacete segue sendo uma das principais infrações cometidas por motociclistas, especialmente nas periferias. “Muitos dizem que vão só ali perto e por isso não usam. Mas esse tipo de negligência é o que tem nos levado a esse cenário trágico.”

Durante a entrevista, o Tenente Coronel Lucas também detalhou a Operação Siga Vivo, voltada para entregadores de delivery, que inclui abordagem educativa com vídeos e orientações rápidas, além da fiscalização tradicional. “A ideia é impactar, fazer com que eles voltem para casa em segurança, porque não adianta ganhar o sustento e não estar vivo para usá-lo”, explicou.

Questionado se os dados atuais estão melhorando, o comandante foi categórico: “Infelizmente, os números estão crescendo. Não escondo que estamos em um estado com trânsito violento, onde boa parte das pessoas não tem preparo ou responsabilidade para conduzir um veículo.”

Ariana complementou: “Temos que trabalhar com todos os públicos, mas, infelizmente, há pessoas que não querem compreender a importância da legislação. Essas pessoas devem ser retiradas do trânsito, porque representam risco para todos.”

Segundo dados citados no programa, os hospitais de Trauma de João Pessoa e Campina Grande registram média de 70% de leitos ocupados por vítimas de sinistros de trânsito. No total, cerca de 20 mil atendimentos relacionados ao trânsito foram realizados em 2023 nessas duas unidades.

Neste 25 de julho, Dia do Motorista, e às vésperas do Dia do Motociclista, comemorado no próximo domingo (28), os convidados reforçaram o alerta para a necessidade de responsabilidade coletiva no trânsito. “O trânsito é responsabilidade de todos. E só com educação, fiscalização e consciência vamos mudar esse cenário tão grave”, concluiu Ariana.



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