ABAP completa 75 anos e reforça papel da publicidade na democracia, afirma Ruy Dantas
Presidente da ABAP-PB destaca evolução do setor e regulação das redes sociais
O presidente da Associação Brasileira de Agências de Publicidade na Paraíba (ABAP-PB), Ruy Dantas, destacou, em entrevista na Clube FM nesta quinta-feira (19), que a publicidade brasileira vive um momento de transformação e reafirma o papel como um dos pilares da democracia. A declaração foi dada durante o programa Conexão Clube Tambaú, em que o publicitário comentou os 75 anos da ABAP, a regulação do setor, a atuação do CONAR e os impactos da TV 3.0, que será implantada a partir de 2026.
Ao falar sobre a atuação das agências e da ABAP nos últimos anos, Ruy afirmou que a publicidade brasileira é uma das mais criativas do mundo, mas que também cumpre um papel institucional ao preservar a liberdade de imprensa e resistir a interesses políticos. “A publicidade é um dos pilares da democracia. Nós passamos por um período recente em que veículos tradicionais foram contestados. Um governo chegou a dizer que não colocaria verba em um emissora e só anunciaria onde interessasse. E aí, as agências disseram: 'não podemos fazer isso'. A distribuição da mídia é técnica e proporcional à audiência”, explicou.
Ruy lembrou que, para garantir essa autonomia, as agências precisam de entidades fortes e independentes. “É preciso ter uma entidade robusta, apolítica e unida para dizer a um governo: ‘não podemos cometer um crime, temos regras’.”
Ao longo da conversa, o presidente da ABAP-PB ressaltou que a indústria publicitária brasileira é vibrante, criativa e respeitada internacionalmente. “Nós temos uma publicidade vibrante porque temos um povo vibrante. Mas também temos uma indústria organizada. Tudo o que a gente vê hoje, como aquele intervalo bonito da TV, foi construído nesses 75 anos.”
Sobre os impactos das redes sociais, Ruy apontou que o setor está em adaptação constante e mencionou o trabalho do CONAR, do qual é conselheiro. “Hoje, de cada dez processos que julgamos na Câmara de São Paulo, pelo menos quatro a seis envolvem influenciadores. Muitos desrespeitam regras, fazem propaganda de bets, vendem para públicos infantis ou vulneráveis. A publicidade está se regulando.”
Ele também alertou para o desconhecimento de parlamentares sobre o funcionamento do setor. “Hoje tem deputado jovem que não entende as regras e apresenta projeto fora da caixa. E a gente precisa ir lá dizer: isso não pode, há responsabilidade envolvida.”
Ruy destacou ainda que o Brasil vai viver uma nova revolução com a TV 3.0, prevista para ser implantada a partir da Copa do Mundo de 2026. A tecnologia permitirá segmentar a programação televisiva, como já ocorre nas redes sociais. “A TV vai conseguir mostrar resultados em tempo real. Por exemplo, a TV Tambaú vai poder exibir uma propaganda só para o bairro do Valentina. Quem estiver no Cabo Branco vai ver outra. Isso muda tudo.”
Segundo ele, essa nova fase vai fortalecer o meio tradicional. “Vai ser a primeira vez que a televisão vai entregar como o Instagram, com medição precisa e segmentação por região. A publicidade poderá ser programada por bairro, por público-alvo. É uma revolução.”
Ruy também falou sobre o neuromarketing e a importância da frequência na publicidade. “A propaganda precisa ser repetida. No primeiro dia, você nem percebe. No segundo, já acha familiar. No sexto, você recomenda o produto. É assim que funciona.”
A entrevista também lembrou a origem da tecnologia que será base da TV 3.0, desenvolvida na Paraíba. “O Ginga, que é o vovô da TV 3.0, foi criado por Guido Lemos e sua equipe, aqui no Lafite. A Paraíba tem papel nisso.” Ao final, deixou um recado aos empresários que veem a publicidade como gasto. “Quem mede resultado não sai do ar. O empresário que corta publicidade quando aperta a receita está cometendo um erro. O produto desaparece. A propaganda cara é a que não dá resultado.”



