TH+ SBT TAMBAÚ
Novabrasil FM
º
conde

Ministério Público fecha clínica de reabilitação na Paraíba após denúncias de maus-tratos

A instituição foi fechada nesta quinta-feira (5) após uma operação conjunta que resultou no resgate de 47 internos

Por Carlos Rocha Publicado em
Mppb
Ministério Público fecha clínica de reabilitação na Paraíba após denúncias de maus-tratos

O Ministério Público da Paraíba (MPPB) está investigando uma denúncia grave envolvendo uma clínica de reabilitação para dependentes químicos, localizada no município do Conde, no Litoral Sul da Paraíba. A instituição foi fechada nesta quinta-feira (5) após uma operação conjunta que resultou no resgate de 47 internos que relataram uma série de abusos físicos, psicológicos e condições degradantes.

Segundo o MPPB, os familiares dos internos pagavam mensalidades entre R$ 2 mil e R$ 3 mil, mas os pacientes viviam sob ameaças, agressões físicas e psicológicas e alimentação precária. Entre as refeições, estavam cuscuz com salsicha, hambúrguer triturado com soja, além de denúncias de uso de medicamentos sedativos sem consentimento, o que deixava os internos dopados por horas.

A denúncia aponta que, durante as visitas familiares, os pacientes não podiam relatar o que acontecia dentro da clínica, sob o risco de retaliações. A denúncia diz ainda que as ligações telefônicas eram monitoradas, e qualquer tentativa de denúncia resultava em punições, como o isolamento e o trabalho forçado dentro da instituição. Alguns relataram que foram forçados a tomar remédios, mesmo sem prescrição, e outros apresentavam lesões visíveis, sendo levados para exames de corpo de delito.

A operação contou com a atuação direta do promotor Demétrius Castor de Albuquerque, com o apoio da Polícia Civil, das secretarias municipal e estadual de Saúde, do CREAS e da Proteção Social Especial de Alta Complexidade. “Nos deparamos com uma situação de violação de direitos. Agora, estamos em contato com os familiares para que os acolhidos sejam retirados com dignidade e recebam os devidos atendimentos médicos e psicológicos”, explicou Felipe Conserva, subgerente de proteção social.

Os internos, todos do sexo masculino, também relataram cobranças extras por atividades como a “noite da pizza” — no valor de R$ 100 por pessoa — e taxas para deslocamentos em veículos da clínica. Os quartos eram superlotados, com até dez pessoas por ambiente, em beliches apertadas.

A investigação segue em andamento para identificar os responsáveis legais e operacionais pela clínica. O local, de difícil acesso, fica em um ramal cercado por canaviais, o que, segundo as autoridades, pode ter sido escolhido estrategicamente para evitar fugas e fiscalizações. O caso é tratado como estarrecedor pelas autoridades, e novas diligências deverão ocorrer nos próximos dias.

O Ministério Público orienta que familiares ou ex-pacientes que tenham informações ou denúncias entrem em contato com os canais oficiais para auxiliar na apuração completa dos fatos.



Relacionadas

Mais Lidas