Estudantes criam catálogo digital para quilombolas e impulsionam vendas de artesanato na Paraíba
Iniciativa conecta tradição e tecnologia com foco em inclusão digital e protagonismo estudantil
Sem acesso a vitrines digitais, sites ou redes sociais, os artesãos da comunidade quilombola Ipiranga, no município de Conde, litoral Sul da Paraíba, sempre dependeram da venda por indicação ou boca a boca. A realidade começou a mudar quando alunos do 7º ano do Colégio Marista Pio X, em João Pessoa, decidiram agir. Eles desenvolveram um catálogo virtual via WhatsApp, conectando os saberes tradicionais da comunidade às ferramentas tecnológicas, com o objetivo de ampliar as oportunidades de venda e valorizar a cultura local.
A ideia surgiu após um sábado letivo, quando representantes da comunidade foram até a escola. Durante a visita, a mestra Ana Rodrigues apresentou aos alunos as biojoias feitas com materiais naturais e um dicionário artesanal, escrito à mão e feito de forma artesanal, com palavras e expressões usadas pelos mais velhos da comunidade.
A partir dessa escuta, os alunos criaram um catálogo digital com fotos das peças artesanais e um QR Code para facilitar o acesso. Segundo a estudante Eva Taveira, de 12 anos, foi a primeira vez que teve contato com uma comunidade quilombola. “Foi uma experiência muito legal. A gente viu que ela fazia as biojoias, mas não tinha um catálogo. Descobrimos também o dicionário feito à mão por uma menina da comunidade, que sonhava em espalhar a cultura dela pelo Brasil”, relatou.
O projeto incluiu a digitalização do dicionário, a criação de uma versão impressa feita no Canva e produzida na gráfica da escola. As versões físicas, cinco no total, serão entregues à comunidade, que decidirá como irá utilizá-las. Segundo a professora de matemática Antoniela Lacowicz, que orientou a ação, os estudantes participaram de todas as etapas, desde a digitação até o design gráfico. "Os alunos fotografaram as peças que ela levou para o Sábado Pedagógico para usar no catálogo. Essa foi uma primeira etapa, já que não conseguimos ainda ir até o local para fotografar as outras peças", disse a professora.
A ação se transformou em um exercício de empreendedorismo social. “É um trabalho que tem muito amor envolvido e compaixão. Muito legal saber que a gente está ajudando e que isso vai deixar as pessoas felizes”, concluiu a estudante Eva.
