Especialistas alertam que mudanças na moderação da Meta ameaçam liberdade no Brasil
Mudanças incluem alterações nos critérios de moderação e flexibilização na publicação de conteúdos preconceituosos

Pesquisadores e representantes de organizações da sociedade civil criticaram, nesta quarta-feira (22), em Brasília, as novas políticas de moderação da Meta, empresa controladora de Facebook, Instagram e WhatsApp, durante audiência pública promovida pela Advocacia-Geral da União (AGU). As mudanças incluem alterações nos critérios de moderação e flexibilização na publicação de conteúdos preconceituosos, o que, segundo os especialistas, aumenta os riscos para grupos vulnerabilizados.
A professora Rose Marie Santini, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), destacou que a falta de transparência nos algoritmos da Meta compromete a confiança pública. Ela criticou a decisão da empresa de reduzir programas de checagem de fatos e flexibilizar a moderação de discursos de ódio, apontando que tais medidas prejudicam a liberdade de expressão e amplificam desigualdades.
A professora Beatriz Kira, da Universidade de Sussex, apontou que os algoritmos da Meta favorecem a disseminação de conteúdos sexistas e misóginos, intensificando violências já existentes, como a divulgação de imagens íntimas manipuladas. Ela defendeu maior regulação estatal sobre as plataformas digitais.
Pedro Hartung, do Instituto Alana, alertou para os riscos que crianças enfrentam nas redes sociais. Ele mencionou a influência da internet em casos de radicalização de jovens e criticou a exploração comercial da atenção infantil, que muitas vezes ocorre em plataformas como Instagram e TikTok.
Victor De Wolf, presidente da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos, denunciou o aumento de discursos de ódio permitidos pela política de moderação da Meta. Ele destacou que o Brasil é um dos países mais perigosos para a comunidade LGBT e cobrou maior responsabilização judicial das plataformas.
Os participantes da audiência enfatizaram a necessidade de um papel mais ativo do Estado na regulação de conteúdos online, especialmente diante das mudanças anunciadas pela Meta. Eles também pediram maior transparência das plataformas digitais e responsabilização por conteúdos prejudiciais amplificados por seus algoritmos.