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1 ano de covid-19 na Paraíba: Como a pandemia impactou o estado

Apesar de diversas medidas adotadas, mais de 5 mil pessoas perderam a vida na Paraíba para o novo coronavírus nos últimos 12 meses.

Por Renata Nunes Publicado em
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(Foto: Arquivo Pessoa / Aílton Diniz)

Já faz um ano que o primeiro caso de covid-19 na Paraíba foi confirmado pela Secretaria de Estado da Saúde (SES). Um homem de 60 anos, residente de João Pessoa e que havia voltado de uma viagem para Europa marcou o início de uma longa e dura batalha contra a pandemia no estado que, em números desta quinta-feira (18), ultrapassam a triste faixa dos 5 mil óbitos no território paraibano.

Há um dia daquela data, o Brasil havia notificado oficialmente a primeira morte no país: um homem de 62 anos no estado de São Paulo. À época, as autoridades de saúde em várias partes do mundo já estavam lidando diretamente com o Sars-CoV-2, o novo coronavírus, que avançava assustadoramente em relação ao número de casos de internações e superlotações em hospitais mundo afora.

Com a declaração da pandemia no dia 11 de março pela Organização Mundial de Saúde (OMS), vários estados do Brasil decretaram as primeiras medidas de prevenção com restrição de circulação e funcionamento de serviços em um mês decisivo para o país, a despeito da desastrosa mensagem do presidente Jair Bolsonaro à população brasileira, subestimando a gravidade do vírus.

Dois dias após o anúncio da OMS, o Governo do Estado decretou situação de emergência e criou o Comitê Gestor de Crise. Ao longo do mês de março, o governador João Azevêdo discutiu medidas a serem tomadas em conjunto com prefeituras, decretou estado de calamidade pública, assegurou o preparo da rede hospitalar, suspendeu aulas e eventos em massa e abriu inscrição para seleção de profissionais de saúde no combate a covid-19.

Ainda assim, no dia 31 de março, o óbito de um homem, de 36 anos, residente do município de Patos, Sertão do estado, representou a primeira morte causada pelo coronavírus na Paraíba. Naquele mesmo dia, a Secretaria de Saúde havia divulgado o primeiro boletim epidemiológico do estado e o cenário era o seguinte:

“Até agora, os 17 casos confirmados estão distribuídos por cinco municípios, sendo João Pessoa com a maior concentração com 12 pessoas infectadas, o que equivale a 70,5% dos casos. O município de Campina Grande é o segundo, com dois casos confirmados, seguido de Patos, Sousa e Igaracy, todos com apenas um caso”, informava a SES.

Números

Até o fim de abril, o número de novos casos e óbitos por dia no estado foi relativamente baixo. Sem grandes mudanças, a maior incidência foi registrada na última semana do mês: sete mortes, no dia 28, e 115 novos casos, no dia 29. Esse pequeno aumento no fim de abril, no entanto, era um prenúncio do que viria nos meses subsequentes: uma curva acentuada em ambos os dados.

Se abril terminou com 926 casos confirmados, no dia 31 de maio a Paraíba já contabilizava 13.162 pessoas diagnosticadas com o novo coronavírus. Da mesma forma, o número total de mortes, que era 67 no dia 30 de abril, passou a ser 360 no final de maio, sendo 41 destas registradas apenas no dia 25 daquele mês, o maior índice do ano no estado.

Seguindo a tendência de alta, junho foi um dos piores meses da pandemia em solo paraibano. Nesse mês, a Paraíba contabilizou 3.285 confirmações somente no dia 19, recorde negativo do ano. Também houve sucessivos aumentos de mortes diárias, o que culminou na marca de mil mortes no dia 1º de julho.

No dia 14 de agosto, todos os 223 municípios paraibanos confirmaram casos de covid-19. As cidades com os maiores números de casos confirmados e óbitos, por macrorregião, até aquela data, eram: João Pessoa, com 24.182 casos confirmados e 751 óbitos (primeira macro); Campina Grande, com 11.640 casos confirmados e 253 óbitos (segunda macro) e Patos, com 3.223 casos confirmados e 73 óbitos (terceira macro).

Testagem

O salto no número de casos confirmados nesse período se deu também em razão do investimento em testagem pela gestão estadual, quando a Paraíba ocupou o sexto lugar entre os entes federativos que mais testaram a população. Até o dia 26 de maio, por exemplo, 32.702 testes já haviam sido aplicados nas metodologias de teste rápido e RTPCR (método SWAB).

Em 9 de julho, o estado apresentou uma das melhores taxas de testagem para a covid-19 do Nordeste baseando-se na meta recomendada pela OMS, com 4.170 testes para cada 100 mil habitantes, ultrapassando, assim, a estimativa de número de testes necessários conforme recomendações da agência. Até aquele momento, já haviam sido realizados 167.558 testes no território paraibano.

Plano Novo Normal

Com o intuito de retomar a economia de forma segura, o Plano Novo Normal foi publicado no decreto estadual nº 40.288, datado do dia 31 de maio, e estipulava que os municípios seriam avaliados regularmente a cada 15 dias.

De acordo com quatro conjunto de indicadores (taxa de obediência ao isolamento; taxa de progressão de novos casos; taxa de letalidade; e a taxa de ocupação hospitalar), seriam definidas bandeiras que classificariam o nível de restrição de funcionamento dos serviços nas cidades.

Como resultado das medidas implementadas, em agosto foi registrada uma queda de 33% dos óbitos, no período compreendido entre os dias 7 e 21.

No mesmo mês, a Paraíba também figurou entre os cinco estados da federação com melhor desempenho frente ao combate do coronavírus de acordo com um levantamento realizado pelo Centro de Liderança Pública (CLP). A avaliação levou em conta critérios como transparência, taxa de mortalidade pela doença e proporção de casos por habitantes.

Os meses seguintes apontaram que a curva epidemiológica da covid-19 estava em platô, ou seja, seguia uma tendência de aumento menor no número de casos. No dia 18 de outubro, a Paraíba registrou 19 novos casos e atingiu o menor número desde abril. Um dia antes, havia confirmado apenas um óbito pela doença no estado em 24 horas.

Porém, essa situação menos negativa durou pouco e, em decorrência do relaxamento das medidas de prevenção e isolamento social no período das eleições municipais e comemorações de fim de ano por parte da população, aliado ao surgimento de novas variantes do vírus, os primeiros meses de 2021 voltaram a registrar altos índices de internações em unidades de terapia intensiva (UTI) nos hospitais do estado, obrigando ao governo a implementar em fevereiro medidas mais restritivas como o toque de recolher.

Ainda que a Paraíba, assim como os demais estados, disponha agora da vacina e que a aplicação do imunizante seja uma luz no fim do túnel para muitos brasileiros, a retrospectiva dos 12 meses dessa luta contra a pandemia, que já levou nomes importantes como os dos ex-governadores Wilson Braga e José Maranhão, mostra que a resolução desse problema vai depender também de ações individuais e que lavar as mãos, evitar aglomerações e usar máscara devem sempre fazer parte da nossa rotina diária. Pelo menos, por um bom tempo.


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