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Livro conta a história

Você sabia que Sílvio Santos quase foi presidente do Brasil?

Paraibano revela que o empresário sofreu conspiração, inclusive de Eduardo Cunha, que na época advogava para Collor

Por Redação Publicado em
Silvio imprensa

Você sabia que Sílvio Santos quase foi presidente do Brasil? Essa história começou há muito tempo. Foi no ano de 1989. O “Dono do Baú” sofreu uma conspiração encabeçada por Fernando Collor de Melo, à época seu maior oponente nas urnas. O deputado federal afastado Eduardo Cunha foi, inclusive, o responsável por “atrapalhar” os planos presidenciais de Sílvio.

Esses são alguns dos detalhes que serão contados num livro que está sendo escrito pelo ex-deputado federal e ex-senador paraibano Marcondes Gadelha. Com mais da metade da obra já pronta, a previsão é que o material seja concluído em três meses.

O enredo é narrado em primeira pessoa e baseado na experiência pessoal do ex-deputado.

“O livro vai contando a história da evolução da candidatura submetida a uma conspiração contra Sílvio. Essa conspiração aconteceu em três tempos. O primeiro momento era pra não dar a legenda ao partido que o Sílvio era filiado. Naquele momento conseguimos a legenda. O candidato renunciou e o Sílvio entrou como candidato, mas depois eles conseguiram convencer Aureliano a desistir da renúncia. Aí veio a segunda etapa que era impedir Sílvio de ter uma outra legenda. Naquele tempo a lei permitia se filiar até a véspera da eleição. Então procuramos outro partido e conseguimos, que foi o PMB’, revelou ao Portal T5.

Gadelha revelou que a terceira fase da conspiração era impedir o registro de Sílvio Santos no Tribunal. “Eles conseguiram graças a participação de Eduardo Cunha, que hoje está preso e naquele tempo trabalhava como advogado para Collor. Eles tinham que fazer isso”, acrescentou.

No livro, o paraibano vai apontar, detalhadamente, como ocorreu a conspiração. A interferência de Cunha foi crucial no processo, conforme disse à reportagem.

“Era um advogado obscuro, mas muito ativo. Ele pegou um jatinho e saiu coletando informações dos cartórios em vários estados para mostrar que aquele partido pelo qual o Sílvio estava disputando não tinha feito convenção nos estados da federação e por isso não estava apto a registrar candidato, embora esse partido já tivesse o candidato registrado que era o Armando Correia”, explicou ao Portal T5.

“Eles”, a quem o paraibano se refere, eram os apoiadores de Fernando Collor de Melo. “Esse grupo que conspirou contra Sílvio era o Antônio Carlos Magalhães, Roberto Marinho (dono da Globo) e o ex-ministro Leitão de Abreu”, ponderou.

Candidato Imbatível – Otemor do grupo que conspirou contra a candidatura do dono do SBT era simples: a popularidade de Sílvio Santos era imensa e eles o consideravam imbatível. “Eles precisavam impedir Sílvio de ser candidato, de chegar até a urna. Se ele conseguisse registrar a candidatura, na urna ele seria imbatível”, opinou.

Se ele conseguisse registrar a candidatura, na urna ele seria imbatível

Marcondes Gadelha, ex-deputado federal

Melhor que Collor –Quando o assunto era desempenho nas pesquisas, Sílvio Santos aparecia melhor posicionado que Collor. Esse cenário teria causado desespero nos opositores, pois eles já davam a vitória de Collor como certa. “O Sílvio foi o único candidato que em qualquer momento daquela campanha deslocou o Collor nas intenções de voto. Quando Sílvio entrou já foi com 29% e Collor, que era o campeão, caiu para 18%”, afirmou, acrescentando que “Sílvio entrou para pôr água no chopp da oposição”.

Esperança para o povo –“Nós achávamos que tínhamos que lançar o Sílvio por duas razões. Primeiro, a eleição estava afunilada sobre dois populismos: o de direita e o de esquerda. O de direita era Fernando Collor e o de esquerda era Lula. Havia mais 21 candidatos – com o Sílvio eram 22 – mas ninguém chegava nem perto. Nem pessoas que tinham um nome extraordinário como era o caso de Ulysses Guimarães, Mário Covas, o próprio Aureliano Chaves. Figuras respeitabilíssimas, mas não passava de 1,5 ou 2% nas pesquisas. Nós verificamos que estava acontecendo uma polarização entre dois extremistas e nós precisávamos criar um populismo de centro e aí foi quando descobrimos que Sílvio era afiliado ao PFL e resolvemos lançar a candidatura dele.

A imagem que o empresário passava para o público também foi um dos fatores que levaram a ter o nome dele escolhido. “Essa imagem de sucesso pelo trabalho honesto era o que a gente queria passar através da candidatura de Sílvio Santos”, falou à reportagem.

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E seguiu explicando: “A imagem de Sílvio era ideal para aquele momento. Mais que um presidente, ele seria um exemplo, um modelo para mostrar que o trabalho funcionava, que o país precisava voltar a produção real de bens físicos. Naquele tempo havia uma inflação de 90% ao mês e as pessoas ganhavam com isso, jogando na ciranda financeira para ganhar juros e correção monetária. Ninguém queria mais trabalhar no Brasil. Quem tinha uma empresa vendia para jogar no mercado financeiro. Era uma série de siglas que só representavam especulação e dessa maneira o país ia para o buraco. Então precisava alguém mostrar que valia a pena trabalhar, que valia a pena produzir e o Sílvio era esse modelo. Ele era o próprio exemplo de alguém que começou do nada. Era um menino pobre que começou vendendo na balsa de Niterói e construiu um império na televisão”, adiantou o escritor paraibano.

Contudo, faltando seis dias para as eleições, a candidatura de Sílvio Santos foi impugnada. “Nós fomos impugnados no dia 9 de novembro faltando seis dias para as eleições, que era no dia 15 de novembro de 1989”, disse ao Portal T5.

A narração feita por Marcondes Gadelha à reportagem é somente um trecho do que o livro deve trazer. Ele promete revelar como eram os bastidores e detalhar cada passo de Sílvio Santos, que quase se tornou presidente do Brasil.


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