Nascidos entre 1939 e 2000 têm poucas chances de chegar aos 100 anos, aponta estudo
A pesquisa analisou dados de países ricos e mostrou uma desaceleração na expectativa de vida nas gerações mais recentes
Um novo estudo científico publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS) aponta que pessoas nascidas entre 1939 e 2000 têm baixas chances de atingir 100 anos de idade. A pesquisa analisou dados de países ricos e mostrou uma desaceleração na expectativa de vida nas gerações mais recentes.
Segundo os autores, o levantamento foi feito com base em dois grandes grupos populacionais. O primeiro abrange pessoas nascidas entre 1900 e 1938, período em que houve grande avanço na longevidade, especialmente entre os mais jovens. O segundo grupo incluiu indivíduos nascidos entre 1939 e 2000, cujas chances de viver até os 100 anos se mostraram significativamente menores.
O pesquisador José Andrade, doutorando no Instituto Max Planck de Pesquisa Demográfica, na Alemanha, explica que o principal motivo da redução está ligado à mortalidade infantil. “Mais da metade da desaceleração na expectativa de vida é explicada pela mortalidade entre crianças de até cinco anos”, afirma.
Nos primeiros 38 anos do século 20, a expectativa de vida infantil cresceu rapidamente em países desenvolvidos. Essa melhora teve impacto direto na longevidade geral: quanto mais pessoas sobrevivem aos primeiros anos de vida, maior a probabilidade de alcançarem idades avançadas.
Contudo, segundo Andrade, as melhorias nas condições de saúde e sobrevivência infantil já foram praticamente esgotadas nesses países. “Em nações de alta renda, a mortalidade em idades jovens é tão baixa que avanços adicionais têm impacto limitado na expectativa de vida”, explica o pesquisador.
Além disso, o estudo aponta que conflitos armados, epidemias e pandemias também influenciam negativamente os índices de longevidade. Esses fatores precisam ser considerados por governos, sistemas de saúde e previdência ao planejar políticas públicas.
Do ponto de vista individual, o pesquisador alerta que a desaceleração pode afetar decisões sobre poupança, aposentadoria e planejamento de longo prazo. “A expectativa de vida molda escolhas pessoais importantes”, diz Andrade.
O estudo analisou dados de 23 países ricos e não incluiu informações de nações pobres ou de média renda, como o Brasil. Andrade pretende ampliar a pesquisa futuramente para regiões da América Latina, onde ainda há espaço para melhorias nos índices de mortalidade infantil.
De acordo com o pesquisador, o mesmo processo que aumentou a expectativa de vida nos países desenvolvidos no início do século 20 pode, no futuro, impulsionar ganhos semelhantes em nações que ainda enfrentam desafios socioeconômicos.



