Trump autoriza ações secretas da CIA e “operações letais” na Venezuela
De acordo com autoridades americanas, o objetivo final das medidas é pressionar o governo de Nicolás Maduro e, eventualmente, retirá-lo do poder
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, confirmou nesta quarta-feira (15) que autorizou ações secretas da Agência Central de Inteligência (CIA) na Venezuela, incluindo a possibilidade de “operações letais”. A informação havia sido revelada pelo jornal The New York Times e, posteriormente, validada pelo governo norte-americano.
De acordo com autoridades americanas, o objetivo final das medidas é pressionar o governo de Nicolás Maduro e, eventualmente, retirá-lo do poder.
Escalada de tensões
As ações da CIA se somam a uma série de medidas adotadas recentemente pelos EUA contra o governo venezuelano. O Departamento de Justiça já havia oferecido uma recompensa de US$ 50 milhões por informações que levem à prisão de Maduro, acusado de chefiar o chamado Cartel de los Soles, classificado por Washington como organização narcoterrorista.
No mês passado, os EUA também enviaram navios e aeronaves militares para o sul do Caribe, em uma operação que incluiu submarino nuclear, aviões de vigilância P-8 e cerca de 4.500 militares.
Trump, questionado se a autorização incluía a possibilidade de um ataque direto a Maduro, evitou dar detalhes:
“Essa seria uma pergunta ridícula para eu responder. Mas acho que a Venezuela está sentindo a pressão, e outros países também”.
Bombardeios recentes
Desde setembro, militares americanos vêm realizando bombardeios contra embarcações em águas internacionais próximas à costa venezuelana. Segundo o governo Trump, os alvos seriam usados por organizações envolvidas no tráfico de drogas.
O ataque mais recente ocorreu na terça-feira (14), deixando seis mortos. Trump afirmou que a embarcação “transportava narcóticos e estava associada a redes ilícitas de narcoterrorismo”.
Entidades internacionais, no entanto, criticaram as ações. A Human Rights Watch declarou que os bombardeios representam “execuções extrajudiciais ilegais” e podem violar a lei internacional. O tema também foi debatido no Conselho de Segurança da ONU, que alertou para o risco de uma escalada militar.
O governo da Venezuela, por sua vez, nega ligação das vítimas com o tráfico e alega que se tratavam de pescadores locais, pedindo investigação internacional.
Histórico e análises
Especialistas lembram que operações secretas da CIA são comuns na América Latina desde o século XX, incluindo episódios de apoio a golpes militares no Brasil e no Chile.
Para o cientista político Carlos Gustavo Poggio, professor no Berea College (EUA), os equipamentos enviados ao Caribe indicam que a operação pode ter objetivos mais amplos:
“Se você olhar o tipo de aparato, não é adequado apenas para combater cartéis, mas sim para uma ação militar maior”.
O pesquisador Maurício Santoro, do Centro de Estudos Político-Estratégicos da Marinha do Brasil, avalia que o cenário se assemelha a movimentações dos EUA no Oriente Médio:
“O volume de recursos militares deslocados lembra a preparação de uma intervenção, como ocorreu no caso do Irã”.
Enquanto os EUA reforçam sua presença no Caribe, o governo de Caracas mobiliza militares e milicianos para uma possível defesa, além de treinar civis diante da ameaça de conflito armado.



