Pesquisadores criam óvulos a partir de células da pele humana pela primeira vez
A descoberta, publicada na revista Nature Communications, representa um avanço promissor no combate à infertilidade, condição que afeta uma em cada seis pessoas no mundo
Cientistas alcançaram um marco inédito ao conseguir produzir óvulos com DNA humano a partir de células da pele e fecundá-los em laboratório. A descoberta, publicada na revista Nature Communications, representa um avanço promissor no combate à infertilidade, condição que afeta uma em cada seis pessoas no mundo.
Segundo os responsáveis pelo estudo, a nova abordagem pode abrir caminho para que mulheres inférteis tenham filhos com a própria carga genética, sem depender de óvulos doados, como ocorre hoje nos processos de fertilização in vitro. A técnica também pode beneficiar casais homoafetivos, permitindo que ambos os parceiros contribuam geneticamente para a reprodução.
“Esse avanço poderia, no futuro, oferecer novas possibilidades a mulheres que não produzem óvulos viáveis e a casais do mesmo sexo”, explicou Paula Amato, pesquisadora da Universidade de Ciências e Saúde do Oregon e coautora do estudo.
Como o experimento foi feito
Para alcançar o resultado, os cientistas retiraram o núcleo — onde fica o código genético — de uma célula da pele e o transferiram para um óvulo doado, cujo núcleo havia sido removido. A técnica é semelhante à utilizada na clonagem da ovelha Dolly, em 1996, mas com um objetivo diferente: criar óvulos viáveis, e não cópias genéticas.
Um dos maiores desafios foi o ajuste do número de cromossomos. Enquanto as células da pele têm 46 cromossomos, os óvulos possuem apenas 23. Para resolver essa diferença, os pesquisadores aplicaram um processo chamado “mitomeiose”, que imita a divisão celular natural e permite gerar óvulos compatíveis para fecundação.
Limitações e próximos passos
Apesar da conquista, os cientistas destacam que a tecnologia ainda está em estágio inicial e pode levar até uma década para estar disponível em clínicas de reprodução. “O maior obstáculo é obter óvulos geneticamente normais, com a quantidade e a combinação corretas de cromossomos”, disse Amato.
O estudo também se insere em uma sequência de avanços recentes na área: no início de 2025, pesquisadores japoneses já haviam conseguido criar camundongos com dois pais biológicos. Agora, o uso de DNA humano representa um passo decisivo para aplicações futuras.



