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Famílias de 63 vítimas da ditadura recebem atestados de óbito corrigidos

A solenidade foi realizada na Assembleia Legislativa de Minas Gerais e contemplou vítimas nascidas, falecidas ou desaparecidas no estado

Por Carlos Rocha Publicado em
Ditadura militar foto evandro teixeira reproducao de comunica ufu br
Famílias de 63 vítimas da ditadura recebem atestados de óbito corrigidos (Foto: Evandro Teixeira/ Reproduzido de comunica.ufu.br)

Familiares de 63 pessoas assassinadas durante a ditadura militar (1964–1985) receberam, nesta quinta-feira (28), atestados de óbito retificados que reconhecem a responsabilidade do Estado brasileiro nas mortes. A solenidade foi realizada na Assembleia Legislativa de Minas Gerais e contemplou vítimas nascidas, falecidas ou desaparecidas no estado.

O novo documento registra como causa da morte: “não natural, violenta, causada pelo Estado brasileiro no contexto da perseguição sistemática à população, identificada como dissidente política por regime ditatorial instaurado em 1964”.

A ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania, Macaé Evaristo, afirmou que o ato resgata a memória de trabalhadores, estudantes, intelectuais e ativistas mortos pela repressão. Segundo ela, a medida representa parte de um processo de reparação e cura social.

A ministra destacou que a violência praticada naquele período ainda deixa sequelas na sociedade brasileira, especialmente em populações periféricas e rurais. “A defesa da democracia é o único caminho para a proteção da dignidade humana e da diversidade de ideias”, disse.

A presidente da Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos, Eugênia Gonzaga, lembrou que, por muitos anos, as famílias receberam certidões com causas falsas, como suicídio ou acidentes. Em outros casos, não houve qualquer documento.

Em 1995, houve o primeiro reconhecimento oficial, mas de forma limitada. A comissão foi interrompida em 2019 e reativada em agosto de 2024. “Hoje, entregamos não apenas documentos, mas também um pedido de desculpas do Estado”, afirmou Gonzaga.

A ministra do Superior Tribunal Militar, Maria Elizabeth Rocha, relatou experiência pessoal como parente de um desaparecido político. Para ela, a ausência de respostas representou “agonia indescritível”.

Representantes das famílias presentes ao evento destacaram a importância do documento como registro histórico e defenderam a divulgação da violência cometida pelo regime. A militante Diva Santana, que perdeu a irmã Dinaelza na década de 1970, afirmou que a entrega dos atestados não encerra a luta: “Essa juventude precisa reagir e lutar em defesa da soberania do país”.



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