Famosos que foram excomungados da Igreja Católica
Apesar de parecer um conceito medieval, a excomunhão continua a ser aplicada pela Igreja Católica em casos de heresias, desafios à autoridade papal e transgressões graves da doutrina
Ao longo da história, diversas figuras públicas entraram em conflito com a Igreja Católica, resultando em sua excomunhão. Desde monarcas e líderes políticos até artistas e revolucionários, essas personalidades enfrentaram a punição máxima da instituição religiosa. Em alguns casos, as consequências foram meramente simbólicas, enquanto em outros impactaram suas vidas de maneira significativa.
Sinéad O'Connor (1966-2023)
A cantora irlandesa teve um histórico de críticas à Igreja Católica, principalmente devido às suas experiências em uma Lavanderia Madalena, instituição administrada por religiosos. Em 1992, durante o programa Saturday Night Live, rasgou uma foto do Papa João Paulo II, em protesto contra os abusos na Igreja. Em 1999, foi ordenada sacerdote por uma igreja separatista na França, mas o Vaticano não reconheceu a cerimônia. Alegando que já havia sido excomungada pelos Papas Bento XVI e João Paulo II, solicitou um certificado oficial da Santa Sé em 2018. No mesmo ano, anunciou sua conversão ao Islã e adotou o nome Shuhada Sadaqat.
Fidel Castro (1926-2016)
Líder da Revolução Cubana, Fidel Castro entrou em conflito com a Igreja Católica ao nacionalizar escolas, expulsar padres e restringir publicações religiosas. Em 1962, foi excomungado pelo Papa João XXIII, possivelmente com base em um decreto de 1949 que proibia católicos de se associarem a partidos comunistas. Embora sua relação com a Igreja tenha sido marcada por repressão, Castro se encontrou com o Papa João Paulo II em 1998 e com o Papa Francisco em 2015.
Henrique VIII (1491-1547)
O rei da Inglaterra rompeu com a Igreja após ter seu pedido de anulação do casamento com Catarina de Aragão negado pelo Papa Clemente VII. Ele então se casou com Ana Bolena, consolidando sua ruptura com o Vaticano e criando a Igreja Anglicana. Em resposta, o Papa Paulo III o excomungou em 1538.
Martinho Lutero (1483-1546)
O teólogo alemão foi um dos principais nomes da Reforma Protestante. Em 1517, publicou suas Noventa e Cinco Teses, criticando a venda de indulgências e outros aspectos da doutrina católica. Em 1520, o Papa Leão X condenou suas proposições e ameaçou sua excomunhão caso não se retratasse. Lutero recusou, queimou a bula papal e foi oficialmente excomungado em 1521.
Joana d'Arc (1412-1431)
A heroína francesa, que liderou tropas contra os ingleses durante a Guerra dos Cem Anos, foi capturada, julgada e condenada por heresia por um bispo pró-inglês. Ela foi excomungada e queimada na fogueira em 1431. Anos depois, em 1456, foi reabilitada pela Igreja e, em 1920, canonizada como santa.
Roberto, o Bruce (1274-1329)
O rei da Escócia garantiu a independência do país após a rebelião de William Wallace contra a Inglaterra. Antes de assumir o trono, matou seu rival John Comyn dentro de uma igreja, o que resultou em sua excomunhão pelo Papa Clemente V. Anos depois, sua pena foi suspensa e ele foi reconhecido como rei legítimo.
Rainha Elizabeth I (1533-1603)
A filha de Henrique VIII consolidou a Igreja Anglicana como religião oficial da Inglaterra, o que provocou revoltas de católicos. Em 1570, o Papa Pio V a excomungou, declarando-a herege e isentando os católicos da obrigação de obedecê-la. Apesar disso, Elizabeth manteve-se no poder e reforçou sua autoridade.
Napoleão Bonaparte (1769-1821)
O imperador francês teve relações turbulentas com a Igreja Católica. Em 1809, após a anexação de Roma, o Papa Pio VII o excomungou. Em retaliação, Napoleão aprisionou o pontífice por cinco anos. Eventualmente, foi exilado e Pio VII pôde retornar a Roma.
Juan Perón (1895-1974)
O presidente argentino entrou em confronto com a Igreja Católica ao tentar separar Estado e Religião, eliminar orações nas escolas e legalizar o divórcio. Em 1955, ordenou a expulsão de bispos do país, levando à sua excomunhão. No entanto, em 1963, foi reconciliado com a Igreja e a sanção foi suspensa.
Madonna (1958-)
A relação da cantora com a Igreja Católica sempre foi conturbada. Em 1989, seu videoclipe "Like a Prayer" gerou polêmica por apresentar símbolos religiosos e imagens sensuais, o que resultou em sua excomunhão. O Vaticano repetiu a sanção em 2006, após sua turnê "Confessions", onde simulou uma crucificação no palco. A terceira excomunhão teria ocorrido em 2023, após uma nova apresentação considerada blasfema.
Excomunhão: uma prática ainda vigente
Apesar de parecer um conceito medieval, a excomunhão continua a ser aplicada pela Igreja Católica em casos de heresias, desafios à autoridade papal e transgressões graves da doutrina. Embora nem sempre tenha um impacto significativo nos dias atuais, a pena carrega um forte peso simbólico e religioso, marcando de forma definitiva aqueles que entram em conflito com o Vaticano.



