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Fim do crédito rotativo do cartão de crédito? Veja o que muda

Modalidade é conhecida pelos altos juros, que chegaram a 437% ao ano

Por Carlos Rocha Publicado em
Carnaval: veja cuidados com o cartão de crédito
Carnaval: veja cuidados com o cartão de crédito (Foto / Reprodução: USP Imagens)

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, anunciou nesta quinta-feira (10) que a instituição está avaliando a possibilidade de encerrar a modalidade de crédito rotativo de cartão de crédito, uma das opções mais caras do mercado com taxas de juros que chegaram a 437,3% ao ano em junho. A proposta visa substituir o crédito rotativo por um parcelamento com uma taxa em torno de 9% ao mês, como medida para conter os juros abusivos nesta modalidade.

Campos Neto compartilhou essa informação durante sua participação em uma sessão plenária no Senado Federal, onde apresentou decisões de política monetária e estabilidade financeira tomadas pelo BC no semestre anterior. A iniciativa visa criar uma solução para o que o presidente do BC chamou de "grande problema" do cartão de crédito.

A modalidade de crédito rotativo é ativada quando um consumidor paga menos que o valor integral da fatura do cartão, resultando em uma dívida que dura 30 dias. Após esse período, as instituições financeiras parcelam a dívida, aplicando juros elevados. Em junho, os juros do cartão de crédito parcelado alcançaram 196,1% ao ano.

Campos Neto afirmou que o BC pretende apresentar uma solução nos próximos 90 dias para a questão. A proposta em análise é substituir o rotativo por um parcelamento direto, eliminando a opção de pagamento mínimo. "Ou seja, extingue-se o rotativo, quem não paga o cartão vai direto para o parcelamento ao redor de 9%. E que a gente crie algum tipo de tarifa para desincentivar esse parcelamento sem juros tão longos", explicou.

Ele ressaltou que o objetivo não é proibir o parcelamento sem juros, mas sim incentivar uma gestão mais disciplinada dos pagamentos, evitando impactos negativos no consumo. Atualmente, o cartão de crédito representa 40% do consumo no Brasil.

Uma das razões para os altos juros praticados nessa modalidade, segundo Campos Neto, é a crescente utilização do parcelamento de compras por prazos mais longos. Esse cenário aumenta o risco do crédito para as instituições financeiras, o que consequentemente infla os juros.

A alta inadimplência no cartão de crédito também tem sido um problema. O Brasil testemunhou um aumento significativo no número de cartões nos últimos anos, junto com facilidades de crédito, levando a uma inadimplência de 52% no crédito rotativo. Campos Neto explicou que essa inadimplência não tem paralelo em outros lugares do mundo.

O presidente do BC também descartou a opção de simplesmente limitar os juros do cartão, pois isso poderia resultar na retirada dos cartões de circulação, impactando negativamente o consumo e o varejo.

Durante a sessão no Senado, Campos Neto enfatizou que a condução da política monetária pelo Banco Central resultou em uma queda na inflação e na criação de condições mais favoráveis para a economia brasileira. As medidas adotadas, como o recente corte da taxa básica de juros (Selic), contribuíram para esse cenário positivo, com a expectativa de redução dos custos de crédito e estímulo ao crescimento econômico.

Com Agência Brasil

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