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Morre no Rio, aos 82 anos, Jards Macalé, ícone da música brasileira e autor de “Vapor Barato”

A morte foi confirmada por amigos e pela equipe do artista, que publicou uma nota emocionada nas redes sociais

Por Carlos Rocha Publicado em
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Morre no Rio, aos 82 anos, Jards Macalé, ícone da música brasileira e autor de “Vapor Barato”

O Brasil perdeu nesta segunda-feira (17) um de seus artistas mais inventivos e irreverentes. O músico, compositor e multiartista Jards Macalé, conhecido por clássicos como “Vapor Barato”, morreu aos 82 anos no Rio de Janeiro. A morte foi confirmada por amigos e pela equipe do artista, que publicou uma nota emocionada nas redes sociais.

Macalé estava internado desde o dia 1º de novembro em um hospital na Barra da Tijuca, na Zona Sudoeste do Rio, tratando de complicações pulmonares. Nesta manhã, sofreu uma parada cardíaca. De acordo com o boletim médico, o falecimento foi causado por choque séptico e insuficiência renal.

Em nota, sua equipe relembrou o espírito livre e bem-humorado do artista:
“Jards Macalé nos deixou hoje. Chegou a acordar de uma cirurgia cantando ‘Meu Nome é Gal’. Cante, cante, cante. É assim que sempre lembraremos do nosso mestre, professor e farol de liberdade.”
A família ainda divulgará informações sobre o funeral.


O “anjo torto” da MPB

Nascido no Rio de Janeiro em 1943, Jards Anet da Silva iniciou sua trajetória artística nos anos 1960, quando teve a primeira composição gravada por Elizeth Cardoso. De estilo vanguardista e personalidade forte, rapidamente ganhou a alcunha de “anjo torto da MPB” por sua recusa em seguir padrões e seu mergulho profundo na experimentação musical.

Seu primeiro grande impacto nacional aconteceu no Festival Internacional da Canção de 1969, com a marcante apresentação de “Gotham City”. Em 1972, lançou o álbum “Jards Macalé”, considerado um marco pela combinação singular de rock, samba, jazz, blues e baião.

Entre suas composições mais conhecidas estão “Hotel das Estrelas”, “Mal Secreto”, “Anjo Exterminado” e, claro, “Vapor Barato”, eternizado nas vozes de Gal Costa, Maria Bethânia e, anos depois, pelo grupo O Rappa.


Repercussão: homenagem de Bethânia e lamento de Caetano

A morte de Macalé comoveu artistas e amigos.
Maria Bethânia escreveu: “Meu amor, meu amigo… fará muita falta neste mundo.”

Caetano Veloso também lamentou publicamente e destacou a importância do colega em sua carreira, especialmente no período de exílio em Londres:
“Sem Macalé não haveria ‘Transa’. Estou chorando porque ele morreu hoje. Foi meu primeiro amigo carioca da música… Que a música siga mantendo a essência desse ipanemense amado.”

Macalé foi diretor musical do álbum “Transa”, obra-prima de Caetano lançada em 1972.


Parceiro de gigantes e artista múltiplo

Macalé colaborou com nomes essenciais da cultura brasileira, como Waly Salomão, coautor de “Vapor Barato”, além de Torquato Neto, Vinicius de Moraes, José Carlos Capinan e Luiz Melodia.
Sua obra sempre privilegiou a liberdade criativa, a experimentação e o rompimento com padrões estéticos.

Além da música, transitou pelo cinema, televisão, teatro e artes plásticas. Atuou em filmes como “O Amuleto de Ogum” e “Tenda dos Milagres”, ambos de Nelson Pereira dos Santos, e participou de trilhas de clássicos como “Macunaíma” e “O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro”.

Mesmo após seis décadas de carreira, manteve vitalidade artística. Em 2019, lançou o aclamado “Besta Fera”, que reafirmou sua relevância para novas gerações.



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