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Dezembro Vermelho

Luta contra o HIV: Brasil celebra avanços, mas enfrenta desafios no combate ao estigma e à desigualdade

O Brasil celebra conquistas históricas, mas as autoridades de saúde alertam para a necessidade de enfrentar o estigma e as desigualdades que persistem no acesso ao tratamento e prevenção

Por Carlos Rocha Publicado em
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HIV: Brasil celebra avanços, mas enfrenta desafios no combate ao estigma e à desigualdade (Foto: MS)

O dia 1º de dezembro marca o Dia Mundial de Luta contra o HIV e o início do Dezembro Vermelho, período dedicado à conscientização sobre o Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) e a aids. O Brasil celebra conquistas históricas, mas as autoridades de saúde alertam para a necessidade de enfrentar o estigma e as desigualdades que persistem no acesso ao tratamento e prevenção.

O Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, destacou os avanços do país no combate à doença. "O Brasil tem muito a celebrar hoje com a redução da mortalidade, com a eliminação da transmissão vertical [de mãe para filho], como problema de saúde pública. Graças ao SUS [Sistema Único de Saúde], graças ao nosso Programa Nacional de Combate à aids,” publicou em suas redes sociais.

Cenário Global e Alerta da ONU

A nível global, a situação inspira cautela. O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, alertou que décadas de progresso estão em risco devido a interrupções de programas essenciais, cortes no financiamento internacional e leis punitivas.

Em 2024, dados da Unaids indicam que 40,8 milhões de pessoas vivem com HIV em todo o mundo, com 1,3 milhão de novas infecções registradas. Preocupa o fato de 9,2 milhões de pessoas ainda não terem acesso ao tratamento.

Desafios no Brasil: Aumento de Casos e Desigualdade Racial

Apesar dos avanços citados, o ministro Padilha admite que a data serve para alertar sobre o que ainda precisa ser melhorado, especialmente no combate ao estigma e na prevenção universal.

O Boletim Epidemiológico – HIV e Aids (2024) do Ministério da Saúde aponta que, entre 1980 e 2024, o Brasil contabilizou 1.165.599 casos de infecção, com uma média de 36 mil novos casos anuais nos últimos cinco anos.

O documento mais recente revela um aumento nos casos e óbitos entre a população negra e a faixa etária acima de 60 anos:

  • Casos de HIV (2023): Foram notificados 46.495 casos, com aumento de 4,5% em relação ao ano anterior. Desses, 63,2% ocorreram em pessoas autodeclaradas negras (pardos e pretos).
  • Óbitos por Aids (2023): Dos 10.338 óbitos, 63% ocorreram entre pessoas negras. A taxa de óbito entre homens é o dobro da registrada entre mulheres.
  • Faixa Etária: A taxa de detecção de aids é maior entre indivíduos de 25 a 34 anos. A via de transmissão predominante é a sexual (75,3%).

Metas 95-95-95 até 2030

O Brasil é signatário da proposta da Organização Mundial da Saúde (OMS) para eliminar a aids como problema de saúde pública até 2030. Para isso, o país estabeleceu metas ambiciosas, conhecidas como 95-95-95:

  1. Diagnosticar 95% das pessoas vivendo com HIV/aids.
  2. Tratar 95% das pessoas diagnosticadas.
  3. Ter 95% das pessoas em tratamento com carga viral suprimida.

O objetivo inclui ainda a redução em 90% na taxa de incidência de HIV e no número de óbitos por aids, em comparação aos índices de 2010.



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